Por Ben Hirschler
DAVOS, Suíça (Reuters) - Celulares implantáveis. Órgãos para transplante feitos com impressão 3D. Roupas e óculos de leitura conectados à Internet.
Tais coisas podem ser hoje ficção científica, mas serão um fato científico em 2025, conforme o mundo entra em uma era de robótica avançada, inteligência artificial e edição genética, segundo executivos que foram alvo de uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial.
Quase metade dos entrevistados também espera que uma máquina de inteligência artificial participe das diretorias corportativas na próxima década.
Bem-vindo à próxima revolução industrial.
Depois do vapor, da produção em massa e da tecnologia da informação, a chamada "quarta revolução industrial" trará ciclos de inovação ainda mais rápidos, apresentando grandes desafios para empresas, funcionários, governos e sociedades.
A promessa é de bens e serviços mais baratos, impulsionando uma nova onda de crescimento econômico. A ameaça é desemprego em massa e maiores danos na já tensa relação de confiança entre empresas e populações.
"Há um excedente econômico que será criado como resultado dessa quarta revolução industrial", disse o presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, na reunião anual do Fórum em Davos nesta quarta-feira.
"A questão é quão uniformemente ela se espalhará entre países, pessoas em diferentes estratos econômicos e também diferentes partes da economia."
Um novo relatório do UBS lançado em Davos prevê que níveis extremos de automação e conectividade vão piorar o aprofundamento das desigualdades, ampliando a disparidade de riqueza entre as economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
"A quarta revolução industrial potencialmente inverte a vantagem competitiva que os mercados emergentes tiveram sob a forma de trabalho de baixo custo", disse Lutfey Siddiqi, chefe global de mercados emergentes para câmbio, juros e crédito do UBS.
"É provável, eu acho, que vai exacerbar a desigualdade se não forem tomadas medidas políticas."
Uma análise das principais economias do banco suíço concluiu que a Suíça é o país mais bem colocado para se adaptar ao mundo novo dos robôs, enquanto a Argentina ocupa a última colocação.
Temores sobre tecnologia destruindo empregos não são novos. O economista John Maynard Keynes alertou em 1931 sobre "desemprego tecnológico" generalizado.
A questão é se desta vez será diferente, dada a velocidade da mudança e o fato de que as máquinas agora oferecem agora cérebro e músculos, ameaçando profissões anteriormente vistos como imunes, tais como jornalismo de iniciantes e análise financeira de rotina.