Por Huw Jones
LONDRES (Reuters) - Reguladores globais definiram "ferramentas finais" nesta segunda-feira para acabar com o fenômeno de bancos "grandes demais para quebrar", buscando encerrar um período de intensa criação de regras após a crise financeira que afetou o setor e pesou fortemente sobre os contribuintes.
Mark Carney, presidente do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) que coordena a regulação entre o G20 para preencher lacunas evidenciadas pela crise financeira de 2007-09, disse que muitas das reformas essenciais têm sido implementadas decisivamente e prontamente.
"Como consequência, a capacidade de financiamento para a economia real está sendo reconstruída e uma significativa redução da atividade internacional tem sido evitada", disse Carney em uma carta aos líderes do G20 antes da reunião da próxima semana.
Em 2009, o G20 encarregou o FSB de adotar uma série de reformas, de aumento das exigências de capital bancário a jogar uma luz sobre os mercados de derivativos e conter os bônus de executivos de bancos.
Carney, que também é presidente do banco central britânico, disse que o Conselho finalizou agora os instrumentos necessários para fechar os bancos "grandes demais para falir" de uma maneira ordenada se necessário, vista como a última grande reforma financeira da crise.
Na reunião da semana que vem na Turquia, líderes do G20 serão convidados a endossar uma reforma que exige que os 30 maiores bancos do mundo emitam um conjunto de títulos até 2019 que poderão ser alvo de baixas contábeis para levantar fundos equivalentes a 18 por cento dos ativos de risco, se a instituição financeira falir.
A obrigação, conhecida como "capacidade de absorção de perda total" (TLAC, na sigla em inglês), soma-se às exigências mínimas de capital que um banco deve deter.
O objetivo é permitir que grandes bancos possam quebrar sem criarem o tipo de crise que foi vista nos mercados financeiros depois do colapso do Lehman Brothers em 2008.
Sob esse cenário, os bancos terão de emitir um total de 1,1 trilhão de euros em títulos. A maior parte desse volume, ou 755 bilhões de euros, será na China e em outros mercados emergentes cujos bancos terão seis anos extras, até 2028, para se adequarem ao TLAC. Os bancos poderão também emitir ações ou guardarem lucros.
"Está claro que os benefícios superam em muito os custos de introdução deste padrão", disse Carney.