Por Marta Nogueira
MARIANA, Minas Gerais (Reuters) - O Ministério Público Estadual de Minas Gerais recomendou que a mineradora Samarco alugue casas a 200 famílias para abrigar os desalojados pelo rompimento de barragens da companhia, disse nesta terça-feira o promotor de Justiça Guilherme de Sá Meneghin.
Em reunião com a empresa, ficou acordado que a companhia apresentará um plano de ação em até cinco dias, envolvendo essa dentre outras ações que incluem a construção de uma comunidade definitiva e o pagamento de indenizações.
"A gente dá uma recomendação, na qual eles têm um prazo para cumprir e se eles não cumprirem, o que a gente pode fazer é tomar as medidas judiciais cabíveis", afirmou Meneghin.
A tragédia deixou 6 mortos e 21 desaparecidos, de acordo com balanço desta terça-feira. Segundo o promotor, após a apresentação de um plano, deverá ser realizado um acordo entre a Samarco e o MPE-MG.
A prefeitura e a empresa estão se organizando para ouvir os moradores em relação às moradias, que serão completamente pagas pela Samarco. A empresa, uma joint ventur da Vale (SA:VALE5) com a anglo-australiana BHP Billiton (AX:BHP), já mapeou 140 casas que foram classificadas como habitáveis para os moradores. Atualmente, as 200 famílias então em pousadas em Mariana.
O prefeito Duarte Júnior (PPS) havia adiantado à Reuters mais cedo que as moradias seriam alugadas e que as autoridades estão tomando todas as medidas possíveis para que sejam minimizados os impactos sobre as vítimas do acidente.
Segundo o prefeito, a partir da próxima semana as crianças vítimas do desastre vão voltar a estudar em escolas que serão instaladas em Mariana, em tempo integral.
Procurada, a Samarco não tinha informações oficiais sobre o aluguel de moradias.
O prefeito também manifestou mais cedo preocupação sobre as receitas do município.
A Vale informou nesta terça-feira que sua produção nas minas de Fábrica Nova e Timbopeba poderá ser impactada negativamente em 3 milhões de toneladas em 2015 e 9 milhões de toneladas em 2016 devido ao rompimento de duas barragens da mineradora Samarco.
Além disso, a própria Samarco está com a produção paralisada.
O prefeito também destacou que está preocupado com o futuro econômico da cidade, que deverá ser impactada com a queda da arrecadação de royalties da mineração.
"Mais de 80 por cento de nossa arrecadação vem da atividade de mineração e deve haver agora uma queda brusca na arrecadação do município e isso me preocupa muito", afirmou o prefeito de Mariana, que teme a redução de programas e atendimentos à sociedade.