Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, comunicou a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira que está deixando o cargo, aumentando o desfalque na Esplanada dos Ministérios no momento de tramitação no Senado do pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma.
O anúncio de Braga eleva para nove o número de pastas com ministros interinos, de um total de 32 ministérios.
“Acabei de ter uma conversa com a presidente e avaliamos que é hora de eu entregar o ministério. Ela aceitou e, portanto, eu estarei entregando hoje uma carta à presidente agradecendo a confiança que ela me deu”, disse Braga a jornalistas.
Além de Minas e Energia, Esportes, Turismo, Portos, Cidades, Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Aviação Civil e Turismo são atualmente dirigidos por interinos.
No caso da Casa Civil, o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou nesta quarta-feira a análise da validade da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a pasta. A indicação dele está suspensa por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes.
Braga, senador do PMDB pelo Amazonas, afirmou ainda a jornalistas que estará de licença médica por alguns dias e que sua suplente e esposa, Sandra Braga, deverá representá-lo na votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma no Senado. Braga defendeu a presidente na semana passada, dizendo que o processo, no qual Dilma é acusada de crime de responsabilidade, era político.
Ele disse que não foi pressionado por seu partido a sair, apesar de a legenda ter aprovado no fim de março o desembarque do governo e a devolução dos cargos.
“O PMDB me respeitou, como peemedebista de longa data que sou. O PMDB soube respeitar e diferenciar minha posição e agradeço por isso”, disse.
Sobre a votação da admissibilidade do impeachment no Senado, que deverá ficar a cargo de sua esposa, Braga disse apenas que ela “estará lá representando com coerência e posições claras a nossa posição na votação do Senado”.
“Neste momento é importante para o país que tenhamos no Senado uma postura diferenciada”, disse.
A Presidência da República confirmou nesta noite as saídas de Braga, Helder Barbalho e do até então titular da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que é deputado pelo PMDB do Rio de Janeiro.
O Planalto informou ainda que, para o lugar de Braga, assumirá interinamente o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, Marco Antônio Martins Almeida, e para o lugar de Helder Barbalho entrará o atual secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Maurício Muniz.
O Planalto não informou o substituto de Pansera, que havia sido exonerado do cargo para votar sobre o pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma no domingo, e ainda não havia retornado ao posto.
(Reportagem adicional Eduardo Simões, em São Paulo)