SÃO PAULO (Reuters) - O senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) renovou por mais 15 dias nesta segunda-feira sua licença médica do Senado e não deverá depor ao Conselho de Ética da Casa no processo que pede a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
De acordo com a Agência Senado, a atual licença médica de Delcídio venceria na terça-feira e, na quarta, ele prestaria depoimento ao Conselho de Ética. O presidente do colegiado, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), ainda decidirá se a reunião do conselho será mantida ou se será cancelada.
O relator do caso de Delcídio, senador Telmário Mota (PDT-RR), já apresentou relatório que considera admissível a representação contra o parlamentar sul-mato-grossense. O parecer foi aprovado pelo colegiado.
Ex-líder do governo da presidente Dilma Rousseff no Senado, Delcídio pediu desfiliação do PT na semana passada, após a homologação de seu acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, que investiga um bilionário esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4).
Delcídio foi preso em novembro do ano passado acusado de tentar obstruir os trabalhos da Lava Jato, após ser flagrado em uma gravação oferecendo dinheiro, influência junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para favorecer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em troca do silêncio dele na Lava Jato.
O parlamentar foi solto em fevereiro e fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato. Em seu depoimento no âmbito do acordo, Delcídio fez acusações a vários políticos, entre eles à presidente Dilma, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Todos eles negaram as acusações. Dilma afirmou, ainda, que as denúncias de Delcídio foram um ato de "vingança" pelo fato de o governo não ter atuado para liberá-lo da prisão.
(Reportagem de Eduardo Simões)