Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (governo federal, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 6,932 bilhões de reais em setembro, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira, num resultado melhor do que o esperado, beneficiado pelo não pagamento no mês de adiantamento de 13o salário a aposentados.
Em 2015, este desembolso ocorrerá em outubro, enquanto no ano passado foi feito em setembro. Por conta disso, as despesas da Previdência Social no último mês tiveram uma queda corrigida pela inflação de 17,9 por cento sobre um ano antes.
Pesquisa Reuters com analistas indicava que o rombo primário do governo central seria de 14,6 bilhões de reais no mês passado, pela mediana das projeções.
Em setembro, os gastos do governo central somaram 89,428 bilhões de reais, queda real de 16,8 por cento frente a igual mês de 2014. Ao mesmo tempo, a receita líquida do governo central somou 82,496 bilhões de reais, declínio de 3,1 por cento na mesma base de comparação.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, contudo, o déficit primário do governo central foi de 20,938 bilhões de reais, o pior da série histórica iniciada em 1997.
Os gastos de janeiro a setembro somaram 786,648 bilhões de reais a preços correntes, 4,0 por cento abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais. No acumulado do ano, a receita líquida foi de 765,710 bilhões de reais, recuo de 4,6 por cento sobre igual etapa de 2014.
"Isso demonstra o que estamos sempre assinalando: o nível de atividade econômica está afetando a arrecadação do governo. Dado o grau de incerteza hoje vigente na economia essa performance fica um pouco aquém do esperado", afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive.
No mês passado, o Tesouro registrou superávit primário de 2,808 bilhões de reais, enquanto a Previdência Social teve saldo negativo de 9,690 bilhões de reais e o Banco Central teve déficit de 49,6 milhões de reais.
Esses números vêm em meio a contínuas dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar uma série de medidas no Congresso Nacional consideradas necessárias para o equilíbrio das contas públicas.
Dentro deste cenário, e em meio a uma forte recessão, a equipe econômica revisou mais uma vez a projeção para o resultado fiscal deste ano, para déficit primário de cerca de 50 bilhões de reais, sendo que o número pode ser ainda maior no caso de frustração de receitas e com a contabilização das "pedaladas fiscais".