PARIS (Reuters) - A líder francesa de extrema-direita Marine Le Pen disse nesta quarta-feira que a França deve deixar o euro, mas a mudança para uma nova moeda nacional deve ser acompanhada por uma estrutura legal similar à era da unidade monetária europeia (ECU, na sigla em inglês), anterior ao euro.
Falando à Reuters após uma coletiva de imprensa de Ano Novo, a líder da Frente Nacional, que é candidata à eleição presidencial na primavera no país, disse que a dívida nacional francesa seria denominada na nova moeda nacional sob seu governo.
Marine é a única entre os principais candidatos à Presidência que prefere deixar o euro, que a França adotou em 1999 após abandonar o franco, junto com outros países europeus que abandonaram suas moedas nacionais. Mas ela ofereceu poucos detalhes sobre como a saída aconteceria até agora.
A apenas alguns meses do primeiro turno da eleição, no fim de abril, mencionar a estrutura da ECU pode ser um movimento de Marine para acalmar eleitores preocupados com uma saída do euro.
As pessoas mais velhas estão particularmente preocupadas com o impacto de qualquer grande reforma monetária em suas aposentadorias.
“A ECU existiu junto com uma moeda nacional”, disse Marine. “Uma moeda nacional que coexista com uma moeda comum não teria quaisquer consequências para o cotidiano francês”, ela acrescentou.
“Uma 'serpente monetária' é algo que parece razoável”, ela disse --em referência ao sistema “serpente dentro do túnel” introduzido nos anos 1970 para limitar as flutuações entre as moedas europeias.
A ECU era uma cesta de moedas europeias usadas como uma unidade de contabilidade por membros do bloco nas duas décadas que levaram à introdução da moeda única em 1999.
Ela existiu em paralelo com o Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (ERM, na sigla em inglês), que tentou estreitar as flutuações entre as moedas dos Estados-membro.
Marine reiterou a posição de seu partido de que deixar o euro seria um grande passo para recuperar a soberania, algo que ela disse que buscaria alcançar nas negociações com outros países europeus.
As pesquisas de opinião têm mostrado consistentemente que Marine possivelmente chegará ao segundo turno da eleição presidencial, que acontecerá em maio, mas deve perder a corrida para um político mais tradicional, provavelmente o conservador François Fillon.
(Por Ingrid Melander; reportagem adicional por Jemima Kelly, Dhara Ranasinghe, Jamie McGeever e Marc Jones)