BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A coalizão governista no Senado pode não ter como barrar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se sua abertura for aprovada pela Câmara dos Deputados, disse à Reuters um importante senador do PMDB neste domingo.
"Se a Câmara dos Deputados não bloquear o impeachment, então nós no Senado não temos como fazer isso", disse o senador, que pediu anonimato, acrescentando acreditar que a presidente será destituída do cargo.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo neste domingo relata que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a interlocutores que não tem condições de barrar o afastamento da presidente Dilma Rousseff caso a Câmara dos Deputados tome essa decisão.
Segundo o jornal, Renan avalia com pessoas próximas a ele que, se isso acontecer, haverá uma "onda" que certamente resultará na cassação da presidente.
Procurada, a assessoria de Calheiros não se manifestou imediatamente.
Pelo rito de impeachment estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo com a Câmara a favor do impeachment, o Senado pode não instaurar o processo. Os senadores vão decidir isso por meio de votação de maioria simples.
A Câmara dos Deputados instalou na semana passada a comissão especial que analisará se será dada autorização para abertura de processo de impeachment contra a presidente.
O parecer da comissão será apreciado pelo plenário da Câmara, sendo necessário dois terços - ou 342 votos - para autorizar a abertura do processo.
Segundo pesquisa Datafolha, 68 por cento da população é favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
(Por Anthony Boadle e Tatiana Bautzer)