Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, em um movimento indicando que o Palácio do Planalto não tem os votos necessários para barrar o impedimento na votação marcada para domingo na Câmara dos Deputados.
A Advocacia-Geral da União (AGU) informou nesta quinta-feira que entrou com a ação no Supremo porque o processo contém "vícios" que impedem sua continuidade, o que foi prontamente rebatido pela oposição.
Para o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), "não há nenhuma indicação de que tenha sido feito ou se tenha vícios nesse processo".
"Portanto se disser que vão entrar, é legítimo, é o direito de espernear, o famoso 'jus esperniandi'."
"Nós cumprimos as regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal diante da lei do impeachment e também do regimento interno da Câmara e da Constituição", acrescentou Pauderney.
Na quarta-feira, fontes do governo disseram à Reuters que a debandada do PSD havia queimado a gordura que o governo tinha na contagem de votos contra a abertura do processo de impeachmet. “Temos os votos, mas sem gordura”, disse uma das fontes. Nessa conta estariam cerca de 20 votos do PMDB.
Quase ao mesmo tempo em que a AGU anunciou que ingresará no Supremo contra o processo, cerca de 90 por cento dos deputados do PMDB se manifestaram a favor do impeachment em reunião realizada na Câmara, segundo o líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), que disse que manteria sua posição contrária ao impeachment.
O ministro da AGU, José Eduardo Cardozo, marcou uma entrevista coletiva para as 12:30 para apresentar os principais pontos da ação contra o impeachment.