(Corrige no antepenúltimo parágrafo para coalizão de centro-esquerda, em lugar de centro-direita)
Por Crispian Balmer e Isla Binnie
ROMA (Reuters) - A Itália enfrentará um período prolongado de instabilidade política, depois que a eleição de domingo gerou um Parlamento sem maioria e mostrou que uma quantidade recorde de eleitores esnobou partidos tradicionais, preferindo siglas anti-establishment e de extrema-direita.
Com mais de 75 por cento das urnas apuradas, parece quase certo que nenhuma das três principais coligações conseguirá governar sozinha e que existe pouca perspectiva da volta de um governo de maioria, o que cria um dilema para a União Europeia.
Uma aliança de direita, que inclui a Força Itália do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, recebeu a maior parcela de votos.
Em uma derrota pessoal amarga que se mostrava improvável na semana passada, parece quase certo que o partido do bilionário magnata de mídia será superado por seu aliado de extrema-direita Liga Norte, que centrou sua campanha em um discurso intensamente crítico aos imigrantes.
Já o anti-establishment Movimento 5 Estrelas viu seu apoio disparar, tornando-se de longe o maior partido do país, e nesta segunda-feira um de seus principais líderes disse que formar uma coalizão sem ele será impossível.
Também nesta segunda-feira os formuladores de política econômica da Liga aventaram a possibilidade de uma aliança com o 5 Estrelas. Qualquer governo baseado nesta combinação seria eurocético, inclinado a contestar as restrições orçamentárias da UE e teria pouco interesse em uma integração europeia maior.
O resultado final só é esperado para o final desta segunda-feira, e como a coalizão de centro-direita aparece com 37 por cento dos votos e o 5-Estrelas com 31 por cento, novas eleições convocadas em breve para tentar romper o impasse são outro cenário plausível.
Apesar de ter comandado uma recuperação econômica modesta, a coalizão governista de centro-esquerda ficou em um terceiro lugar distante com 22 por cento das urnas, afetada pela revolta generalizada com a pobreza persistente, o desemprego alto e um influxo de mais de 600 mil imigrantes nos últimos quatro anos.
Um impasse político prolongado poderia fazer da altamente endividada Itália o principal foco de preocupação da Europa agora que a ameaça de uma instabilidade na Alemanha recuou devido à recriação de uma grande coalizão sob o comando da chanceler Angela Merkel no domingo.
Na abertura das bolsas europeias o euro perdeu valor e os investidores se desfizeram de títulos da dívida italiana.