Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois de alguns anos perdendo importância política na Esplanada dos Ministérios, o Ministério das Relações Exteriores pode voltar a crescer no governo com a inclusão no seu escopo da Secretaria de Comércio Exterior e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em um desenho que está sendo planejado pela futura equipe econômica de um provável governo Temer.
Segundo fontes ligadas ao vice-presidente, na divisão de poderes visualizada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deve assumir o Ministério do Planejamento, todas as questões de comércio exterior e promoção comercial, hoje divididas com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), seriam concentradas no Itamaraty, que passaria a ter um forte viés comercial.
A mudança incluiria a Apex que, sozinha, tem um orçamento de 500 milhões de reais para a promoção comercial, recursos que não são do Tesouro, mas que vem do Sistema S.
Responsável pelas grandes negociações comerciais durante os anos dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o Itamaraty perdeu espaço nos últimos anos não apenas pela má vontade da presidente Dilma Rousseff com a diplomacia, mas também pela falta de vocação de seus chanceleres para a área comercial.
O atual ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tem trabalhado mais na área, e desenvolveu um bom relacionamento com o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto.
O Itamaraty mantém um departamento de promoção comercial e é o responsável pelos setores da área nas embaixadas, além de coordenar as ações de defesa comercial nos fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio. Mas deixou de tomar a frente dos acordos comerciais, que nos últimos anos têm sido todos tocados pelo MDIC.
A avaliação de diplomatas ouvidos pela Reuters é que a unificação da questão comercial seria benéfica para o ministério e para a estrutura, tirando o Itamaraty das sombras em que se encontra desde 2011. E, consequentemente, aumentando o orçamento da Pasta, que tem sofrido cortes constantes nos últimos anos.