BRASÍLIA (Reuters) - O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), declarou nesta terça-feira voto favorável ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff ao discursar durante a sessão de debates do julgamento da petista, e destacou o que chamou de "distanciamento" de Dilma do Parlamento durante seu mandato.
Eunício afirmou que o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator do impeachment no Senado, comprovou que Dilma cometeu crimes de responsabilidade. O líder disse respeitar as divergências, mas encaminhou voto favorável à cassação do mandato da presidente afastada.
"Como líder do PMDB eu voto sim, e respeito as divergências, e encaminho o voto favorável ao impeachment lamentável da presidente Dilma", discursou Eunício.
O líder disse que os crimes de responsabilidade imputados a Dilma no julgamento --o atraso nos repasses do Tesouro ao Banco do Brasil (SA:BBAS3) no âmbito do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais, e os decretos de créditos suplementares-- foram cometidos pela petista.
"Descumprir as leis orçamentárias de maneira sistemática e crescente é uma infração político-administrativa punida com o impedimento para o exercício do cargo nas três esferas de poder", disse.
"Restaram comprovadas o crime de responsabilidade e as ditas pedaladas fiscais."
Eunício fez uma avaliação do depoimento que Dilma fez aos senadores na véspera e disse que a presidente afastada não inovou e também não fez autocríticas.
"A presidente não veio ontem aqui diante desta Casa fazer uma autocrítica. Apesar das mais de 10 horas que aqui esteve neste plenário... ela falou para seu público apenas para complementar a sua brilhante biografia. Não inovou, ao contrário, repetiu os argumentos que já havia usado", avaliou.
"Portanto, sem surpresas, tanto em relação à coragem da presidente quanto em relação ao seu distanciamento permanente deste Parlamento", disse.
Eunício foi o 33º senador a falar na sessão de debates do julgamento do processo de impeachment contra Dilma. São 66 parlamentares inscritos para falar.
Após os discursos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento, fará um resumo do processo e, só então, os senadores farão a votação final que selará o destino de Dilma, o que deve ocorrer somente na quarta-feira.
(Reportagem de Eduardo Simões)