(Reuters) - A ex-senadora Marina Silva (Rede) voltou a defender a cassação da chapa encabeçada pela presidente Dilma Rousseff e a realização de novas eleições como solução para a crise política. Em duas entrevistas, criticou o PMDB como "irmão siamês do PT" na crise e disse ver riscos para a operação Lava Jato.
Marina, que disputou as duas últimas eleições presidenciais, afirmou ao jornal Valor Econômico ter o receio de que o impeachment de Dilma "crie a aura de que as coisas já foram resolvidas", o que poderia levar ao "arrefecimento" da Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras (SA:PETR4), outras empresas, partidos e políticos.
"Dentro do governo há muitos que estão querendo atrair de novo o PMDB. Dentro do PSDB, outros querendo se unir ao PMDB", disse Marina ao jornal O Estado de S. Paulo. "Há um ponto convergente nos dois caminhos que se cruzam. Eles se cruzam e se encontram com a mesma proporção e a mesma intensidades, que é o arrefecimento das investigações."
Marina não vê um possível governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer no caso de impeachment da petista Dilma como solução para a crise política e fez duras críticas ao PMDB, partido presidido pelo vice.
"O PMDB, durante 12 anos, como irmão siamês do PT, indicou diretores para a Petrobras e tomou decisões políticas que nos levaram à crise", disse.
Ainda que na sua avaliação o impeachment seja "uma realidade que está posta", Marina acredita que a cassação da presidente e do vice pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriria caminho para a melhor saída para a crise, se for "devidamente comprovado" que a chapa Dilma-Temer foi beneficiadas por recursos ilegais conforme investigado pela Lava Jato.
"O TSE é o caminho de uma possibilidade de repactuar os rumos da nação, de devolver aos 200 milhões de brasileiros a possibilidade de corrigir o erro que foi induzido a cometer", disse Marina.
A ex-senadora ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial de 2014, pouco atrás do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi derrotado no segundo turno por Dilma.