RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou nesta sexta-feira que o governo do presidente interino Michel Temer tenha demorado a se manifestar sobre o caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro e anunciou que pretende criar na Polícia Federal um departamento voltado para combater crimes cometidos contra mulheres.
O governo Temer foi criticado por opositores e nas redes sociais pela demora em se pronunciar sobre o caso que ganhou repercussão internacional. A presidente afastada Dilma Rousseff se posicionou na quinta-feira quando o caso ganhou notoriedade e o governo Temer somente nesta sexta-feira.
"Não houve nenhuma demora por parte do governo federal. Nós, diferentemente de outras pessoas que assim que leem podem se manifestar, o governo federal, em respeito ao governo estadual, precisa antes de tudo ter informações do que realmente ocorreu e como ocorreu", disse Moraes a jornalistas no Rio de Janeiro.
"Isso foi feito hoje pela manhã pelo Ministério da Justiça e pelo presidente Temer condenado esse absurdo hediondo", acrescentou.
O governo federal já havia programado para a próxima semana um encontro nacional com secretários de Segurança Pública de todo país e vai aproveitar o encontro para tratar da violência contra mulheres.
"Na terça-feira já pretendemos anunciar a formatação de um departamento dentro da Polícia Federal em relação à violência contra mulher, como determinou o presidente Temer", disse ele sem dar maiores detalhes sobre essa coordenadoria.
A jovem vítima de estupro coletivo prestou depoimento nesta sexta-feira e segundo investigadores está muito abalada e sentindo dores e mal-estar em razão do estupro coletivo e dos efeitos do coquetel de remédios que vem fazendo uso para evitar doenças sexualmente transmissíveis.
A polícia ainda não formalizou à Justiça o pedido de prisão de quatro suspeitos envolvidos por ainda faltarem elementos jurídicos que embase uma solicitação.
"Ainda faltam pequenos detalhes... Mas esse crime não vai passar em branco. Ele é uma agressão não só às mulheres, mas a sociedade", disse secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
A polícia do Rio de Janeiro faz uma operação na comunidade onde teria acontecido o estupro coletivo para tentar identificar suspeitos e checar a informação que o tráfico da região teria promovido um acerto de contas com suspeitos, que podem ter sido mortos.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)