BRASÍLIA (Reuters) - Parlamentares anunciaram nesta quinta-feira a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia, anunciou a presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE).
O ato para o anúncio da criação da frente, formalmente protocolada nesta quinta-feira, contou com a presença de parlamentares governistas declaradamente contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas representantes de partidos da oposição também assinaram a lista de criação da frente, que conta com 186 deputados e 32 senadores.
“Essa frente parlamentar tem o objeto de sinalizar até mesmo para fora e para dentro da Casa a necessidade do debate do significado desse processo do impeachment para a população brasileira. Porque isso não é qualquer fato, estamos aqui tratando de uma situação institucional muito grave para o país”, disse Luciana a jornalistas.
“Estamos o tempo todo afirmando que nestes termos, sem fundamento legal e sem crime de responsabilidade, não tem outro nome, esse processo de impeachment é golpe”, afirmou.
Questionada sobre a presença de parlamentares de partidos claramente posicionados a favor do impeachment na lista da frente, como o PSDB, Luciana explicou que as assinaturas começaram a ser colhidas há duas semanas, e por isso pode haver deputados que tenham mudado seu posicionamento --tanto os favoráveis quanto os contrários ao impedimento de Dilma.
“Mesmo aqueles indecisos ou aqueles que por outros motivos subjetivos estão numa posição de votar contra em algum momento... acharam que nosso caminho é que estava correto por isso acho relevante essa iniciativa”, argumentou.
A Câmara deve analisar a admissibilidade do processo contra a presidente. Se essa for a vontade de 342 deputados, a Casa autoriza a abertura do impeachment contra Dilma.
Parlamentares governistas declararam nesta quinta que a oposição e aqueles que defendem o afastamento da presidente não contam com os 342 votos necessários, e calculam ter entre 200 a 220 votos contra o impeachment.
“A oposição não tem os 342 votos necessários para aprovar o impeachment”, disse o líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), a jornalistas.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que “não tem esse papo de efeito manada, aqui não tem boi”, em referência à tese de que os indecisos do plenário tenderão a votar no lado que estiver ganhando.
“Estamos fazendo mapa de manhã, de tarde e de noite, eles não têm os dois terços”, acrescentou a deputada.
A oposição vem declarando já contar com o apoio de 342 deputados favoráveis ao impeachment, contando com as recentes orientações pelo impedimento anunciadas por partidos que integravam base do governo, como o PP.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)