Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A previsão de Donald Trump de que a economia dos Estados Unidos está à beira de uma “recessão muito grande” foi recebida neste domingo com ceticismo por economistas, que questionaram os cálculos do líder na corrida para a indicação do Partido Republicano para a eleição presidencial norte-americana.
Em uma entrevista ao jornal Washington Post publicada no sábado, o empresário bilionário disse que uma combinação de alto desemprego e mercado acionário supervalorizado havia preparado o terreno para outra crise econômica. Ele calcula que o desemprego real seja de 20 por cento.
“Não estamos em direção a uma recessão, grande ou pequena, e a taxa de desemprego não é de 20 por cento”, disse Harm Bandholz, economista-chefe para os EUA da UniCredit (MI:CRDI) Research, em Nova York.
A taxa oficial de desemprego caiu para 5 por cento de um pico de 10 por cento em outubro de 2009, de acordo com estatísticas do governo.
Mas uma medição diferente e mais ampla de desemprego - que inclui pessoas que querem trabalhar, mas desistiram de buscar emprego, e também aqueles que trabalham meio período porque não conseguem encontrar trabalho em período integral - está em 9,8 por cento.
Trump está saindo de uma semana difícil de campanha, na qual reconheceu uma série de erros, e seus comentários ao Washington Post podem ser um de seus mais pessimistas sobre a economia e mercados financeiros. “Eu acho que estamos sentados em uma bolha econômica. Uma bolha financeira”, disse.
Os economistas discordaram.
“Há uma baixa probabilidade de uma grande recessão, menos de 10 por cento”, disse Sung Won Sohn, professor de economia da Universidade Estadual da Califórnia Channel Islands, em Camarillo.
“Se acontecer, seria por causa do que está acontecendo internacionalmente, especialmente na China e na Europa.”