Nelson Sandoval Díaz.
Santiago, 17 nov (EFE).- O próximo governo do Chile receberá uma economia que recupera o ritmo de crescimento, ao contrário do que ocorreu há quatro anos, quando Michelle Bachelet teve que enfrentar um cenário adverso.
A alta do preço do cobre, a melhora da economia em nível global e o otimismo do mercado diante de uma eventual vitória do conservador Sebastián Piñera nas eleições presidenciais estão na base desse otimismo.
As autoridades espreitam "focos verdes", enquanto os analistas melhoram suas previsões após vários anos de pessimismo pela queda dos preços das matérias-primas, e a diminuição do investimento e do consumo interno.
A crise econômica internacional e a queda de preços das matérias-primas abalaram nos últimos anos ao Chile, uma economia aberta baseada em grande parte no seu comércio internacional de bens e serviços.
Em março de 2014, Michelle Bachelet iniciou seu segundo mandato com um crescimento cada vez menor: 6,1% em 2011, 5,3% em 2012 e 4% em 2013. No primeiro (2006-2010), a economia cresceu 5,7% e 5,2% nos dois primeiros anos, respectivamente, e caiu em 2008 devido à crise global.
No entanto, um eficaz pacote de medidas trouxe uma rápida recuperação em 2010, primeiro ano de governo de Piñera, quando o PIB cresceu 5,8%.
O investimento para a reconstrução após o terremoto de fevereiro de 2010, com danos no valor de US$ 30 bilhões, e uma alta nos preços do cobre, que se mantiveram acima de US$ 3 a libra, foram fatores decisivos na recuperação.
Em 2014, quando Bachelet voltou ao governo, nada era igual. O PIB cresceu 1,9% naquele ano; 2,3% em 2015 e 1,6% em 2016. Para 2017, as previsões apontam para uma expansão de 1,5%.
A desconfiança empresarial em relação a um governo que não colocou o crescimento como principal objetivo, mas reformas de conteúdo social para melhorar a distribuição de renda, também contribuiu para o lento desempenho da economia.
E agora que Piñera lidera as pesquisas de intenção de voto, os empresários preveem melhores tempos para investir com um eventual governo que privilegiaria o crescimento.
Nas finanças públicas, o governo de Bachelet está em débito. O ano de 2016 terminou com um déficit equivalente a 2,7% do PIB, o maior desde a crise de 2008, e o de 2017 pode aumentar para 3,1% do PIB.
A persistência do déficit fez com que, em julho deste ano, as agências de classificação de risco Standard & Poors e Fitch rebaixassem a nota da dívida soberana do Chile, enquanto a Moddy's a manteve em "Aa3" (qualidade elevada), mas reduziu a perspectiva para "negativa".
A dívida pública fechou o segundo trimestre deste ano em 23,8% do PIB. Em números, a dívida externa chegou a US$ 12,41 bilhões, e a interna foi a US$ 49,09 bilhões (a dívida externa total do país em 30 de junho era de US$ 168,70 bilhões).
No lado positivo, o desemprego tem se mantido estável, abaixo dos 7%, e a inflação, controlada, com um cálculo para este ano de 2%.
Os indicadores recentes mostram uma melhora nos dados do consumo e o investimento, enquanto as empresas aumentaram seus lucros, e as vendas de veículos novos estão crescendo em um ritmo de 20% considerando os 12 últimos meses.
O preço do cobre também subiu 25% até agora em 2017 (considerando os 12 meses) e se mantém acima dos US$ 3 a libra, o que promete melhores tempos para a renda fiscal, uma vez que cada centavo de dólar no preço médio anual representa US$ 45 milhões em impostos.
O Banco Central do Chile projeta para 2018 um aumento do PIB de 2,5% para 3,5%; o Fundo Monetário Internacional (FMI), de 2,5%, e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2,8%, o mesmo que a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Entretanto, os analistas privados elevaram em novembro sua perspectiva de 2,9% para 3%.