Por Andrew Osborn e Christian Lowe
MOSCOU (Reuters) - Apesar de todos os elogios mútuos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deverão discordar em muitas coisas.
Mas a eleição de Trump pode dar a Moscou um prêmio que vem lhe escapando –a suspensão ou abrandamento de sanções do Ocidente.
A reversão dessas penalidades, impostas pelos EUA e pela União Europeia para punir Moscou por ter anexado a Crimeia da Ucrânia em 2014 e por apoiar os separatistas do leste ucraniano, poderia impulsionar os investimentos na agonizante economia russa.
Isso pode tornar ainda mais fácil para Putin, que está tentando tapar os buracos do orçamento nacional causados pelos preços baixos do petróleo e pelas sanções, conquistar um quarto mandato presidencial em 2018 ao lhe permitir demonstrar que fez a economia voltar a crescer.
"Está claro que as chances de as sanções à Rússia serem suspensas aumentaram substancialmente", disse Charles Robertson, economista-chefe global da Renaissance Capital. "Isso melhoraria o clima de investimento para a Rússia".
O rublo e as ações russas subiram graças à vitória de Trump. Os títulos denominados em dólar da Ucrânia atingiram mínimas de vários meses, refletindo o pessimismo a respeito do que uma presidência Trump significa para o país dividido e endividado.
O Kremlin vinha se preparando para ter relações difíceis se a Casa Branca fosse conquistada por Hillary Clinton –-uma política que Putin uma vez acusou de atiçar protestos contra ele e que a mídia estatal retratou como uma belicista contrária à Rússia.
Trump foi exibido sob uma luz mais positiva. Putin o descreveu como "muito talentoso", e a mídia apoiada pelo Kremlin o mostrou como um pioneiro político corajoso.