Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer preparou uma carta de defesa que será entregue aos deputados até terça-feira, dando sua versão dos fatos apontados na denúncia da Procuradoria-Geral da República por obstrução de Justiça e organização criminosa.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o texto final ainda está sendo revisado e deve ser encaminhado aos parlamentares ainda nesta segunda-feira.
No longo texto, ao qual a Reuters teve acesso e preparado em reuniões no Palácio do Jaburu durante o final de semana, Temer diz que muitos o aconselharam a não comentar as denúncias, mas que não poderia silenciar sobre ataques que "atingiram sua honra" e que passou a acreditar que há uma conspiração para tirá-lo da Presidência.
"Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis", escreve.
Temer cita ainda fatos que considera demonstrativos de que o ex-procurador Rodrigo Janot queria "derrubá-lo", como falas do procurador Ângelo Goulart Villela e do advogado Willer Tomaz, presos em operação da Polícia Federal, em que acusam Janot de querer tirar Temer do poder.
O presidente cita até mesmo uma entrevista à revista Época do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, em que o ex-presidente da Câmara acusa Janot de não aceitar sua delação porque queria que ele incriminasse Temer.
Temer afirma ser vítima de "ataques torpes e mentirosos" e de "gente inescrupulosa".
O presidente ainda faz uma defesa de seu governo, citando índices econômicos e de ações sociais, como o reajuste do Bolsa Família. "Brasil não parou, apesar das denúncias criminosas que acabei de apontar", diz no texto.
"É um desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de mim. É uma satisfação àqueles que democraticamente convivem comigo", afirma o presidente na carta aos parlamentares.
O texto foi fechado na tarde de domingo, em uma reunião com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência -também acusados na mesma denúncia-, além do marqueteiro Elsinho Mouco. Temer ouviu ainda seu advogado, Eduardo Carnelós.