Por Steve Holland
AUSTIN, Estados Unidos (Reuters) - O candidato presidencial republicano dos Estados Unidos, Donald Trump, acenou na terça-feira com a possibilidade de suavizar sua posição rigorosa em relação à imigração ilegal, um gesto que poderia ajudá-lo a se aproximar de eleitores moderados, mas prejudicá-lo entre seus apoiadores mais ardorosos.
Em um evento sobre imigração realizado em uma prefeitura com Sean Hannity, âncora da rede Fox News, Trump foi indagado se estaria disposto a mudar a lei dos Estados Unidos para acomodar os imigrantes ilegais que vêm contribuindo para a sociedade norte-americana, obedecem às leis e têm filhos norte-americanos.
"Certamente pode haver uma suavização, porque não estamos querendo prejudicar as pessoas", respondeu Trump, insistindo que existem algumas "pessoas ótimas" entre a população imigrante.
Foi o exemplo mais recente da aparente mudança de postura de Trump em relação à proposta de deportar todos os imigrantes ilegais de volta para seus países de origem, que ele defendia há tempos. Sua nova gerente de campanha, Kellyanne Conway, disse à CNN no domingo que a "força de deportação" proposta pelo magnata para os 11 milhões de ilegais nos EUA ainda "está para ser determinada".
Em um comício também na terça-feira em Austin, Trump pareceu mudar sua ênfase para os imigrantes ilegais que cometem crimes no país. Ele levou ao palco oito mães cujos filhos foram mortos por imigrantes ilegais.
Trump mencionou uma série de estatísticas sobre crimes cometidos por alguns imigrantes ilegais e prometeu que isso terá um freio em sua presidência.
"Não vai acontecer, gente", afirmou. "Não iremos deixar que isso aconteça com nosso país".
Trump, que adiou um discurso sobre imigração inicialmente planejado para a quinta-feira em Denver, disse que irá impedir a prática de algumas grandes cidades de oferecer abrigo a imigrantes ilegais e impedir imigrantes de continuarem em território norte-americano após o vencimento de seus vistos.
Uma mudança de postura do bilionário em relação à imigração poderia ajudá-lo a conquistar mais eleitores moderados em sua difícil campanha para vencer a eleição de 8 de novembro.
A pesquisa de opinião de voto Reuters/Ipsos mais recente mostrou a democrata Hillary Clinton expandindo sua dianteira frente a Trump para 12 pontos percentuais entre eleitores prováveis – o voto nos EUA é facultativo. Ela tem 45 por cento de apoio, enquanto Trump tem 33 por cento.
Mas essa guinada na posição do republicano poderia ser desanimadora para alguns de seus apoiadores mais entusiasmados. Trump derrotou 16 rivais na corrida pela indicação de seu partido, e um dos fatores que o auxiliaram foi ser o candidato mais intransigente em relação à imigração.
"Por que alguém ficaria surpreso por Trump ter dado uma guinada para se tornar o candidato da 'anistia'"?, disse o estrategista republicano Rick Tyler, ex-porta-voz do senador conservador Ted Cruz, do Texas. "Quando não se tem uma filosofia de governo, guinadas são de se esperar".