Após convenções, Lula fecha com oito partidos; Bolsonaro reúne três siglas

Publicado 05.08.2022, 10:07
Atualizado 05.08.2022, 10:12
© Reuters

Na véspera do fim do período das convenções partidárias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu formar o maior bloco partidário na disputa presidencial. Além do PT, Lula tem agora apoio de sete siglas. O presidente Jair Bolsonaro é candidato à reeleição em uma coligação com seu partido, o PL, e mais duas legendas. A representatividade de partidos em uma aliança é importante porque se traduz em maior tempo de propaganda no rádio e na TV e mais fundo eleitoral à disposição do candidato. Também costuma assegurar capilaridade da busca por votos nos Estados.

A candidatura petista terá o apoio de PSB, Solidariedade, PSOL, Rede, Avante, PCdoB e PV. Juntas, as legendas elegeram 130 deputados, 12 senadores e oito governadores em 2018. A bancada na Câmara é o principal critério para a divisão do tempo de propaganda eleitoral na rádio e na TV, o que significa que Lula terá mais exposição midiática que seus concorrentes.

Nesta quinta, 4, o deputado André Janones (Avante-MG) abriu mão de sua candidatura para apoiar Lula. O anúncio ocorreu após reunião entre Janones e o petista em São Paulo. Para receber o apoio, Lula prometeu um novo Bolsa Família no valor de R$ 600, caso seja eleito em outubro - uma pauta defendida por Janones.

Além de acrescentar tempo de TV, Janones é um cabo eleitoral eficiente nas redes sociais. Não à toa, antes mesmo de chamar jornalistas para anunciar sua desistência, o deputado mineiro fez uma live no Facebook (NASDAQ:META), plataforma na qual tem oito milhões de seguidores, para anunciar a adesão ao petista. Lula também pode ter o apoio de um nono partido, o PROS, mas um acordo depende do desfecho de uma disputa judicial que envolve duas alas da legenda que travam uma queda de braço pelo comando partidário.

Ainda que a eleição de 2018 tenha mostrado que tempo de TV e recursos financeiros não garantem que um candidato vença - Geraldo Alckmin ficou em quarto e teve 22 vezes mais tempo que Bolsonaro -, analistas políticos avaliam que o fenômeno não deve se repetir em 2022. "As eleições de 2018 foram marcadas por vários processos, como os protestos de 2013, impeachment de Dilma, Lava Jato, que geraram forte sentimento antipolítica entre o eleitorado", disse o cientista político Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral.

O também cientista político e professor do Insper Leandro Consentino avaliou que o principal motivo para os acordos partidários não é ideológico, mas fortalecer o financiamento e a propaganda das candidaturas. "O que norteia esses acordos não é a ideologia, mas um interesse sobretudo de dispor de um tempo de TV maior e o acesso a recursos. Isso é fundamental para os partidos que queiram se apresentar."

Carazza e Consentino consideram que os instrumentos de propaganda e fundo eleitoral vão ter importância. "Dá para dizer que essa lógica sofre um abalo em 2018, com a vitória de Bolsonaro, mas ela não está posta em xeque totalmente", afirmou Consentino.

A campanha de Lula tenta evitar o clima de "já ganhou", mas não esconde o desejo de atrair voto útil de outras candidaturas para vencer no primeiro turno. De acordo com o deputado e presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, a recente negociação de Lula com o PROS e o Avante aumenta a possibilidade de a eleição "terminar no primeiro turno".

No entanto, a cúpula petista não subestima a capacidade eleitoral de Bolsonaro de diminuir a vantagem e levar a disputa para o segundo turno. O partido, inclusive, já chegou a contratar pesquisas para saber o impacto eleitoral do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e outros benefícios sociais articulados pelo governo e que começam a ser pagos em agosto.

'Curva'

Bolsonaro conseguiu atrair para sua chapa a adesão do Progressistas e do Republicanos. Em 2018, o PL e as outras duas legendas elegeram 101 deputados, sete senadores e um governador. "A curva é favorável já há algum tempo. Assim que começar a campanha as coisas vão entrar em seu devido lugar", afirmou o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ).

O prazo para as convenções partidárias termina nesta sexta, 5. Ontem, o Podemos decidiu que vai apoiar a candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet (mais informações nesta página). A aliança já conta com PSDB e Cidadania, que indicaram a senadora tucana Mara Gabrilli (SP) para ser candidata a vice. O MDB, o Podemos, o PSDB e o Cidadania elegeram 82 deputados, seis governadores e 11 senadores há quatro anos. Inicialmente, o Podemos pretendia lançar o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro como candidato a presidente, mas ele trocou o partido pelo União Brasil e hoje é candidato ao Senado pelo Paraná.

Solos

Já Ciro Gomes, que está em terceiro lugar nas pesquisas, só tem o PDT. O partido elegeu 28 deputados, dois senadores e um governador em 2018, colocando o cearense em quinto lugar no ranking das alianças partidárias. O ex-governador do Ceará ainda não tem candidatura a vice definida, mas já disse que prefere uma mulher para o posto. De acordo com o presidente do PDT, Carlos Lupi, Suely Vilela, ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP), "está no páreo", mas ainda não há uma decisão. "Não temos favorita ainda", disse Lupi.

Soraya Thronicke também conta apenas com o União Brasil. Mas, mesmo sem fechar aliança com nenhum outro partido, sua sigla, resultado da fusão entre PSL e DEM, elegeu 81 deputados, oito senadores e cinco governadores em 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Está com receio de investir devido às eleições? Confira nossas dicas de como investir no podcast "Estratégia Para Carteiras". Ouça no player abaixo (usuários do app Android deve acessar sua plataforma de streaming favorita: Spotify, Deezer, Apple Music, Anchor)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.