Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que faltou nesta quinta-feira, 8, à solenidade no Congresso Nacional para celebrar o Bicentenário da Independência porque havia muitos apoiadores para atender no Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo cancelou sua ida à cerimônia do Legislativo após os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, terem faltado ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro, nesta quarta-feira, na Esplanada dos Ministérios.
"Não fui porque tinha muita gente para atender no cercadinho hoje. Tinha um grupo enorme de crianças, o homeschooling, aquela garotada que estuda em casa com seus pais. E o 7 de setembro foi ontem, não foi hoje. Então, eu deixei a agenda política de fora e fui atender, tinham umas 300 pessoas no cercadinho, foi um recorde hoje", declarou Bolsonaro, em sabatina do jornal Correio Braziliense.
A ausência de Fux, Pacheco e, até mesmo Lira, aliado de primeira hora de Bolsonaro, no desfile oficial do 7 de Setembro foi vista como um indicativo do isolamento político do presidente, que usou a data comemorativa dos 200 anos da Independência do País para animar sua militância e tentar impulsionar sua candidatura à reeleição. Os chefes dos outros Poderes temiam ser associados a um ato político-eleitoral.
"Há dois momentos no 7 de setembro: primeiro o desfile cívico, e depois os desdobramentos, que têm um cunho naturalmente político-eleitoral em torno do presidente da República. Como não havia uma clareza do que era um momento e outro, se eles se misturariam, minha preferência foi não participar do evento", disse Pacheco hoje.
Ao ser questionado na entrevista sobre qual balanço faria sobre as manifestações do 7 de setembro, Bolsonaro disse que fez um apelo, "pela última vez", para que a população fosse às ruas. O presidente voltou a afirmar que todos têm que "jogar dentro das quatro linhas" da Constituição. O chefe do Executivo costuma usar essa frase para criticar, de forma indireta, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em discurso na Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, 7, o chefe do Executivo fez menção indireta ao STF. "Com a reeleição, traremos para dentro das quatro linhas da Constituição todos que ousam ficar fora delas. É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da Constituição", declarou o presidente na ocasião.
Na sabatina, Bolsonaro minimizou o fato de ter sido vaiado ontem no Maracanã por parte dos torcedores durante o jogo entre Flamengo e Vélez Sarsfield. "Fui muito bem recebido. Sempre tem uma minoria que fala alguma coisa lá", afirmou.