O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 3ª feira (21.nov.2023), em sua live semanal, que pode ter uma reunião durante a COP28, a cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) para o clima, para definir o acordo do Mercosul com a União Europeia. O possível encontro foi mencionado por Úrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em ligação na 2ª feira (20.nov).
“Ontem liguei para a Úrsula von der Leyen, que é a presidente da comissão europeia, para dizer para ela que eu estou querendo negociar o Mercosul ainda na minha presidência e gostaria que a gente conseguisse fazer o acordo…e ela ficou de tentar, quem sabe, lá na COP28 fazer uma reunião comigo e apresentar a resposta definitiva deles sobre as nossas demandas”, declarou.
Segundo o petista, ele passou os pontos mais críticos na negociação e colocou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para ficar em contato com o gabinete de Leyen.
“Passei para ela os pontos mais nervosos, ela ficou de me dar uma resposta. Eu coloquei o Mauro Vieira (Relações Exteriores) para conversar com o chefe de gabinete dela para ver quais são os pontos mais problemáticos”, afirmou.
Assista à íntegra (48m):
Lula tem pressa
O presidente quer finalizar o acordo até 7 de dezembro, quando termina o mandato do Brasil como presidente do bloco sul-americano. Depois da vitória de Javier Milei na Argentina, Lula conversou na 2ª feira por telefone com a presidente da Comissão Europeia para acelerar a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia. Segundo apurou o Poder360, o contato serve como um impulso nas negociações, que estariam perto de serem finalizadas.O governo nega que haja uma conexão entre o telefonema e a vitória de Milei, que já ameaçou não aderir ao acordo caso fosse eleito. O Planalto alega que sempre foi uma meta do Executivo completar o acordo até o fim do ano.
Em setembro, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) havia dito que um resultado eleitoral “exótico” na Argentina poderia ser responsável por impedir a concretização do acordo do Mercosul com a União Europeia.
Mercosul e a UE concordaram com um texto em 2019, mas a conclusão vem sendo protelada. A UE apresentou novas exigências em uma carta enviada em março, que pede a inclusão de mais compromissos ambientais e sanções por descumprimento, o que não foi bem recebido pelo Brasil.
Além disso, a UE aprovou em abril uma lei anti-desmatamento própria que bane importação de produtos oriundos de áreas desmatadas depois de dezembro de 2020, o que segundo Lula tem “efeitos extraterritoriais e modificam o equilíbrio do acordo”.
O petista também se opõe a um dispositivo do acordo sobre compras governamentais, que autorizaria empresas europeias a participarem de licitações públicas nos países do Mercosul em condições de igualdade com as empresas locais. Segundo Lula, isso prejudicaria as pequenas e médias empresas no Brasil.
Segundo apurou o Poder360, apesar das divergências, o acordo está perto de ser finalizado. Por isso, vale a pena insistir até o fim do ano.