O economista Muhammad Yunus, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2006, participou da 1ª reunião do Comitê da Estratégia Nacional de Economia de Impacto, o Enimpacto, nesta 5ª feira (19.out.2023), coordenada pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). No evento, Yunus falou da importância do microcrédito como uma ferramenta para ajudar pessoas e criticou as instituições financeiras que usam essa modalidade para lucrar.
“O microcrédito é para as pessoas e para servir às pessoas. Não para explorar as pessoas. Quando você tem uma taxa de juros muito alta, se torna exploração”, disse o economista a jornalistas.
Muhammad Yunus é considerado o criador do microcrédito. Economista por formação, ele fundou o Grameen Bank, instituição criada para conceder recursos a pessoas de baixa renda, especialmente para as mulheres. Natural de Bangladesh, Yunus se tornou referência em microcrédito nos outros países, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz.
“Os países não compreendem esse conceito e interpretam de forma errônea essa ferramenta do microcrédito. Usam para ter lucro e fazer dinheiro para eles mesmos. É algo como um agiota dos empréstimos. Quando você está olhando nessa direção errada, você perde o seu propósito”, afirmou.
Enimpacto
O Plano Decenal da Enimpacto é um conjunto de ações pensadas para promover o aumento de investimentos públicos e privados em empreendimentos com foco na solução de problemas sociais e ambientais.
De acordo com o secretário de Economia Verde, Rodrigo Rollemberg, há 1.200 negócios de impacto no Brasil atualmente. A expectativa é de que em 10 anos esse número alcance 12.000.
“Um dos objetivos na Enimpacto, além de aumentar os negócios de impacto social e ambiental, é aumentar os financiamentos. O objetivo é que a gente tenha fundos para financiar as atividades de impacto social e ambiental”, disse Rollemberg.
O Enimpacto tem como objetivos: 1) aumentar os negócios de impacto no Brasil; 2) aumentar o volume de investimentos em negócios de impacto; 3) aumentar as instituições intermediárias como universidades, instituições que formam as pessoas, em negócios de impacto; 4) melhorar a legislação brasileira para estimular negócios de impacto.
“Economia de impacto, além de gerar lucro, resolve problemas sociais e problemas ambientais. Hoje temos apenas US$ 18 bilhões por ano em negócios de impacto no Brasil”, disse o secretário.
O comitê da Enimpacto é formado por 50 pessoas, das quais 25 são indicadas por órgãos do governo e outros 25 são representantes da sociedade civil. A estratégia é coordenada pelo Mdic.
A meta do plano é atingir R$ 180 bilhões em investimentos públicos e privados até 2032 para negócios de impacto, ou seja, aqueles que têm foco na solução de problemas sociais e ambientais. O governo não detalhou a divisão de onde virão os recursos.