📢 Estratégia de IA ProPicks para investir após techs caírem. Subiu em julho 2x acima do S&P!Lista Completa

Mudanças climáticas podem tornar fungos mais resistentes e letais

Publicado 03.09.2023, 05:30
Atualizado 03.09.2023, 05:40
© Reuters.  Mudanças climáticas podem tornar fungos mais resistentes e letais

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Duke apontou que as mudanças climáticas estão tornando os fungos patogênicos — ou seja, aqueles que causam doenças — mais resistentes devido à aceleração de suas mutações genéticas.

Uma lista divulgada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em outubro de 2022, aponta para os patógenos fúngicos mais críticos, mas informa sobre pelo menos outros 7 fungos de prioridade alta que afetam em especial os países mais quentes. O relatório mostra também que há evidências de que a distribuição geográfica dos fungos está aumentando devido às mudanças climáticas.

Espalhamento pelo planeta

Normalmente, os seres humanos têm uma vida livre de infecção fúngica. “A maioria dos fungos no ambiente cresce a temperaturas abaixo de 30 graus, a gente tem uma barreira contra esses fungos que, a priori, estão em grande quantidade no planeta, que são os fungos que só crescem em temperaturas abaixo de 35 graus”, afirma João Nóbrega de Almeida Júnior, médico infectologista, doutor e pós-doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

O aumento da temperatura global, entretanto, tem mudado a relação desses fungos com o corpo humano. “Está havendo uma substituição desses fungos que crescem em temperaturas menores para aqueles que crescem em temperaturas maiores e esses fungos são potencialmente patogênicos”.

Segundo o especialista, o artigo da Duke tem um caráter ainda experimental, mas contribui com hipóteses que chamam a atenção para o problema.

“O artigo da Duke falou do Cryptococcus, e é interessante que ele fala que o aumento da temperatura vai favorecer mutações no genoma do Cryptococcus, de maneira que ele pode se tornar mais resistente e mais virulento, mais resistente aos antifúngicos ou tratamentos, com uma capacidade maior de infectar as pessoas”, diz o especialista.

Mudanças genéticas

O estudo mostra que, em temperaturas mais elevadas, há elementos genéticos transponíveis, os transposons, que se deslocam pelo fungo e alteram sua expressão genética. “Eles [transposons] vão se deslocando no genoma do fungo e se inserindo em importantes regiões e genes que, se houver mutação, vão causar resistência aos tratamentos, em genes que vão ser silenciados ou ser hiper expressos, depende de onde esses transposons vão se alocar”, explica Nóbrega.

Além dos genes, proteínas importantes contribuem para a ocorrência de mutações. “Existem proteínas, por exemplo, que a gente chama de heat-shock proteins, que vão ser expressas com aumento de temperatura e vão mudar a transcrição de proteínas e fatores de virulências dos fungos”.

Assim como alguns fungos podem se alterar geneticamente e se tornarem mais resistentes, outros podem não sobreviver a tais mudanças. Segundo Nóbrega, o aumento da resistência não é um fenômeno esperado para a maioria das populações fúngicas.

“Não é que 100% dos fungos do ambiente vão sofrer mutações severas e vão se transformar em super bichos. Uns vão perder até o que a gente chama de fitness, vão ficar menos adaptados e vão morrer, as mutações vão ser deletérias e vão matar o microrganismo. Um percentual menor deles vai ter essa propriedade, vai ter uma adaptação melhor e vai causar problemas”.

Entender o comportamento

A resistência de fungos patogênicos a antifúngicos é uma das preocupações que incidem no dia a dia de especialistas e pesquisadores da área. O Candida auris, um dos fungos de prioridade crítica na lista da OMS, tem afetado diferentes regiões do Brasil.

“Teve um caso em Campinas, mas que foi controlado, e atualmente a gente tem surto em Recife, que a gente está também lutando para controlar. Graças à atuação multidisciplinar com as autoridades, com os pesquisadores locais, o Ministério da Saúde e com a agência de vigilância sanitária, a gente está conseguindo controlar esse surto”.

Para continuar o enfrentamento de infecções fúngicas cada vez mais frequentes, é necessário aumentar o volume de pesquisas na área, de forma a monitorar a ocorrência desses casos e trabalhar no desenvolvimento de novos medicamentos.

De acordo com Nóbrega, já existem novos antifúngicos em pesquisa, que devem estar disponíveis em cinco ou 10 anos.

“A gente precisa de investimento nos laboratórios do País para que eles identifiquem bem os fungos e consigam reconhecer quando tem uma Candida auris no seu hospital. Um segundo desafio é que os laboratórios também passem a analisar os antifúngicos, qual é a ação dos antifúngicos contra o fungo que está causando infecção no nosso paciente”.

O ambiente hospitalar, suscetível ao espalhamento de fungos, não é o único que deve ser monitorado. A natureza, constantemente explorada pelo homem, também é local de incidência de infecções fúngicas. Nóbrega lembra que na agricultura há o uso constante de antifúngicos para matar pragas. “A gente imagina que no ambiente tenha bastante fungo resistente também”.

Com informações de Jornal da USP.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.