Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - Propostas da oposição para desfazer as privatizações de refinarias da Petrobras (BVMF:PETR4) encontrariam grande resistência de seus novos donos, com contratos sem cláusulas que permitam a reversão, segundo três pessoas com conhecimento do assunto disseram à Reuters.
Assessores do candidato líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriram a ideia de comprar refinarias de volta.
A campanha do ex-presidente ainda não contatou os novos donos das refinarias vendidas pela Petrobras, segundo três fontes que pediram anonimato para discutir um assunto sensível.
O Mubadala Investment Company, que comprou a maior refinaria privatizada até agora, está no momento investindo no aumento da utilização da capacidade da refinaria e não está interessado em vender, segundo uma das fontes. O investidor estatal dos Emirados Árabes pagou 1,8 bilhão de dólares pela Rlam, sediada na Bahia.
A Rlam estava usando cerca de 70% de sua capacidade quando o Mubadala a adquiriu, e no momento está investindo para que a utilização de capacidade fique próxima de 100%, segundo as fontes.
Embora o Mubadala não se recuse a conversar com a Petrobras se a empresa tentar eventualmente recomprar a refinaria, as chances de concordar com uma venda são pequenas, segundo as fontes.
O Mubadala e a Petrobras não fizeram comentários sobre o assunto.
A assessoria de imprensa da campanha do ex-presidente Lula disse num e-mail que o país precisa reduzir a dependência da importação de derivados para diminuir o preço dos combustíveis. "É preciso uma nova estratégia para ampliar a capacidade de refino nacional, isso envolve rever o fator de utilização do parque de refino, realizar upgrades nas refinarias existentes e concluir obras paradas. O investimento em nova refinaria pode ser considerado, mas essa não é uma medida de curto-prazo."
A Petrobras vendeu outras três refinarias menores. A SIX, refinaria de xisto no Paraná, foi vendida por 33 milhões de dólares para a canadense F&M Resources. A Lubnor, no Ceará, foi vendida a um grupo de empresas brasileiras da área de asfalto por 34 milhões de dólares. No ano passado, a refinaria Reman, no Estado do Amazonas, foi vendida por 189,5 milhões de dólares para o grupo local Atem. Os compradores não comentaram o assunto imediatamente.
Os contratos de venda das refinarias também não dão margem ao governo para indicar membros ao conselho ou ter influência sobre o governo, segundo as fontes.
Os governos petistas adotaram algumas políticas econômicas não ortodoxas, mas nunca quebraram contratos ou ameaçaram a segurança de investimentos estrangeiros no país.