Investing.com — As ações da Qualcomm (NASDAQ:QCOM) (NASDAQ:QCOM) recuavam nesta quarta-feira, 23, após notícias de que a britânica Arm Holdings (NASDAQ:ARM) teria cancelado uma licença que permite à empresa californiana utilizar sua propriedade intelectual no desenvolvimento de chips.
De acordo com a Bloomberg News, citando documentos, a Arm notificou a Qualcomm com um aviso prévio de 60 dias para o cancelamento do chamado acordo de licença arquitetural. Assim como muitas outras empresas do setor de semicondutores, a Qualcomm depende do conjunto de instruções da Arm para desenvolver os chips que sustentam grande parte da tecnologia presente em dispositivos móveis.
Se o cancelamento da licença for efetivado, pode haver um impacto considerável no mercado global de smartphones. Nesse cenário, a Qualcomm, que fabrica centenas de milhões de chips anualmente, poderia ser forçada a interromper a venda de produtos que representam cerca de US$ 39 bilhões em receita — ou enfrentar ações legais.
"Como praticamente todos os chips que a Qualcomm vende utilizam a tecnologia da Arm, e os chips customizados (que seriam os afetados pelo cancelamento da licença arquitetural) formam a base do roteiro de produtos futuros da empresa, não há dúvida de que um cancelamento de licença seria extremamente problemático", afirmaram analistas da Bernstein em uma nota.
Apesar de a Qualcomm ser um dos maiores clientes da Arm, as duas empresas estão envolvidas em uma longa disputa legal. A Arm alega que, após a aquisição da startup de design de chips Nuvia pela Qualcomm em 2021, houve violação de contrato e uso indevido de sua marca.
As duas empresas devem ir a julgamento em dezembro para resolver o conflito, no qual ambas trocaram ações judiciais relacionadas ao contrato negociado entre a Nuvia — outra licenciada da Arm — e a Qualcomm. O aviso de 60 dias colocaria um potencial cancelamento da licença no meio ou no final do julgamento, observaram os analistas da Bernstein.
"Portanto, o momento do aviso de cancelamento nos sugere uma tentativa de forçar um acordo antes do julgamento", acrescentaram.
Em comunicado citado pela Bloomberg, a Qualcomm afirmou que a Arm está tentando "coagir" seu cliente. Representantes da Arm preferiram não comentar, segundo a Bloomberg.