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Por Tom Polansek
CHICAGO (Reuters) - A Archer-Daniels-Midland, uma das maiores comerciantes de grãos do mundo, está oferecendo incentivos para que agricultores norte-americanos entreguem soja em uma de suas principais instalações de processamento neste mês, já que os preços baixos desaceleraram as vendas dos produtores, disseram um trader de grãos e um funcionário da empresa com conhecimento do assunto.
Em uma oferta incomum durante o pico da colheita de outono, a ADM está permitindo que os agricultores entreguem a soja em suas instalações em Decatur, Illinois, e definam o preço final de venda posteriormente, sem pagar pelo armazenamento, disseram as duas fontes.
Em troca, a ADM tomará propriedade dos grãos de soja, o que lhe permitirá processar as safras, acrescentaram.
Um porta-voz da empresa não quis comentar.
Colheitas abundantes têm pressionado os preços das safras e os agricultores estão sofrendo com os altos custos de fertilizantes e outros insumos. Além disso, a China, o maior importador de soja, respondeu às tarifas comerciais do presidente Donald Trump este ano voltando-se para a América do Sul, privando os agricultores dos EUA de seu principal mercado.
AGRICULTORES ARMAZENAM SAFRAS
Muitos agricultores estão armazenando soja na esperança de obter preços melhores no futuro, disseram produtores e analistas, deixando menos suprimentos disponíveis para os principais processadores dos EUA.
A oferta da ADM, conhecida como preço diferido gratuito, estará disponível para os agricultores até o final de outubro, e aqueles que participarem terão até setembro de 2026 para definir um preço de venda, de acordo com o funcionário da empresa.
"Isso me diz que eles precisam de grão, que não têm grão suficiente para manter o processo em andamento", disse David Isermann, um agricultor de Streator, Illinois, que não participará do programa da ADM.
Agricultores disseram que a oferta da ADM era incomum porque os processadores normalmente têm acesso a suprimentos abundantes durante a época da colheita.
Neste ano, os agricultores concordaram em vender menos de sua safra do que o normal no início da temporada de colheita, disse Miranda Wamsley, vice-presidente de originação de produtores da ADM, em uma entrevista no mês passado. Ela não forneceu valores específicos.
Alguns agricultores disseram que normalmente comercializam cerca de metade da safra esperada até o início da colheita, mas que venderam cerca de 20% ou menos neste ano.
"Como os preços estão baixos, todos estão armazenando grãos na fazenda e dizendo: ’Não, vocês não receberão meus grãos até que os preços subam’", disse Steve Pitstick, agricultor de Maple Park, Illinois.
Empresas comerciais de grãos ainda precisam de safras para processar produtos como o óleo vegetal.
Em setembro, o esmagamento de soja nos EUA atingiu o quarto nível mais alto de todos os meses, de acordo com dados da Associação Nacional de Processadores de Sementes Oleaginosas divulgados na quarta-feira.
AGRICULTORES LUTAM PARA GANHAR DINHEIRO
O preço diferido é potencialmente atraente para os agricultores que estão colhendo safras volumosas porque, caso contrário, eles precisam arranjar onde colocar os suprimentos se não quiserem vendê-los.
O espaço para armazenamento é limitado nas fazendas e custa alguns centavos de dólar por bushel por mês nos elevadores de grãos. As safras também podem ser danificadas no armazenamento.
A Secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, disse na semana passada que o governo Trump poderia oferecer um programa de ajuda aos produtores de soja assim que a paralisação do governo, que já dura duas semanas, terminasse.
(Reportagem de Tom Polansek; reportagem adicional de Julie Ingwersen em Chicago)