Depois de pensar a diversidade racial dentro de casa, algumas marcas começam a olhar para o tema para além dos seus muros. Para aumentar a presença negra nos eventos culturais, tanto nos palcos, quanto na plateia, a Vivo vai apostar no tema "afrofuturismo" durante o Lollapalooza 2022, do dia 25 a 28 deste mês. Uma das principais patrocinadoras do festival de música, a empresa decidiu usar sua cota de ingressos para convidar apenas colaboradores e influenciadores negros para o evento.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, as iniciativas para diversidade racial no mercado de trabalho já são comuns entre empresas. Porém, reduzir a elitização dos festivais de música e pensar no acesso de pessoas negras como espectadores de eventos culturais ainda é raro no País.
Para estrelar a campanha "Presença Preta", a Vivo escalou o cantor Djonga, um dos principais nomes desta edição do festival. O desenvolvimento da ação contou com a ajuda do coletivo Vivo Afro e também da plataforma Digital Favela. "A diversidade de artistas nos festivais é algo já discutido. O que nós queremos agora é tirar o foco do palco e por na plateia, para aumentar a presença preta no Lollapalooza", diz a diretora de marca e comunicação da Vivo Brasil, Marina Daineze.
Elitismo
Segundo a executiva, a ideia do projeto nasceu das críticas aos festivais de música que, muitas vezes, têm um público formado majoritariamente por pessoas brancas.
Além de integrar o núcleo de divulgação para o evento de música, a campanha com o rapper mineiro também faz parte da estratégia da empresa de telefonia para falar sobre o uso da tecnologia 5G. A companhia foi uma das vencedoras do leilão das faixas de atuação para internet móvel de quinta geração no Brasil. "Nós queremos falar dessa nova tecnologia através da temática 'afrofuturista', mostrando que o futuro será um espaço mais diverso e inclusivo no mundo", afirma Marina.
De acordo com a especialista em diversidade, equidade e inclusão da empresa de educação Plurie br, Viviane Elias Moreira, a iniciativa da Vivo de levar a diversidade racial para a plateia pode ser comparada a ações afirmativas como a do programa de treinamento exclusivo para negros do Magazine Luíza. "Muitos festivais têm esse aspecto elitista, por isso, essa é uma ação disruptiva, porque permite que o artista seja visto pelo seu público, que nem sempre têm acesso a esses espaços", afirma.
Para a consultora de diversidade, equidade e inclusão Arlane Gonçalves, mais do que possibilitar acesso ao evento cultural, a campanha da Vivo também deve trazer outras empresas para as discussões sobre inclusão cultural. "As companhias estão entendendo que elas são instrumentos de transformação na sociedade, que elas têm um poder de influência, transmitindo uma mensagem de inclusão étnico racial", diz a especialista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.