Por Gabriel Codas
Investing.com - Nos primeiros negócios da manhã desta terça-feira, as ações do IRB Brasil (SA:IRBR3) Re abriram com forte queda de mais de 5%, acima da baixa do Ibovespa no momento, o que levaram a entrar em leilão. No retorno das negociações, as perdas diminuíram e as ações da resseguradora passaram a ter desempenho melhor ao do Ibovespa hoje.
Por volta das 10h44, os ativos cediam 0,64% a R$ 12,38, enquanto o Ibovespa caía 0,91% a 94.862 pontos.
A movimentação ocorre depois de a resseguradora reportar que teve lucro líquido consolidado de R$ 13,87 milhões no primeiro trimestre, um tombo de mais de 90% ante o mesmo período do ano anterior, que já foi ajustado para corrigir exigências de provisões maiores solicitadas. O consenso dos analistas de mercado era de um lucro líquido de R$ 193 milhões no período.
A companhia reportou nessa madrugada que encontrou irregularidades contábeis e que enviaria as conclusões de uma investigação sobre elas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na semana passada, a empresa comunicou que encontrou irregularidades no pagamento de supostos bônus a ex-diretor e outros colaboradores da resseguradora e suas controladas, além de problemas na disseminação de informações sobre sua base acionária.
O IRB também comunicou que seu conselho de administração aprovou a contratação de Bradesco BBI e Itaú BBA para estruturar potencial aumento de capital para cumprir as disposições mais altas solicitadas pela reguladora de seguros Susep.
Aumento de capital
O IRB Brasil anunciou nesta terça-feira que contratou bancos para captar recursos que vão reforçar o capital da resseguradora, que republicou balanço de 2019 com forte piora dos resultados devido a correções referentes a sinistros. Itaú BBA e Bradesco BBI foram contratados para coordenar a captação de recursos para reenquadrar os níveis de capital exigidos pelo órgão regulador Susep, após a atual gestão da companhia ter anunciado registros contábeis "efetivamente incorretos".
Acionistas da companhia autorizaram na semana passada um aumento de capital de até 2,3 bilhões de reais. Em maio, a Susep abriu fiscalização especial após notar que o IRB tinha insuficiência na composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e, consequentemente, de liquidez regulatória.
Refeito, o balanço de 2019 mostrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, ante número inicial de 1,76 bilhão de reais, refletindo sobretudo o lançamento de sinistros, perdas sofridas pela companhia, mas que "não estavam em lugar nenhum", disse o presidente-executivo e do conselho de administração, Antonio Cassio dos Santos, em teleconferência com jornalistas.
Os anúncios concluem uma sucessão de eventos iniciada no começo do ano, quando a gestora Squadra contestou itens do balanço da companhia, seguida depois pela apresentação de informações falsas sobre a base de acionistas por parte da gestão anterior do IRB, impondo às ações uma queda de cerca de 70% no ano até o momento.
Santos, que assumiu em março, sustentou que, do ponto de vista operacional, não vê a companhia com falta de recursos nos próximos 24 a 36 meses e afirmou que neste primeiro semestre todos os contratos foram mantidos.
Para analistas, no entanto, tanto os ajustes contábeis passados quanto os resultados operacionais do primeiro trimestre decepcionaram. Em relatório, o Credit Suisse considerou que o valor de mercado atual da companhia implica uma rentabilidade sustentada "muito maior do que a empresa parece se capaz de gerar".