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Cenário econômico e político pressiona projeções da indústria de veículos do Brasil para 2017

Publicado 05.01.2017, 14:19
© Reuters.  Cenário econômico e político pressiona projeções da indústria de veículos do Brasil para 2017

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria automotiva brasileira previu nesta quinta-feira alta de 4 por cento na venda de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos neste ano, para 2,13 milhões de unidades, disse a Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil.

A expectativa da Anfavea era divulgar projeções mais otimistas para o desempenho do setor no Brasil este ano, mas a instabilidade política e os números da economia fizeram o setor ser mais cauteloso depois de sofrer em 2016 a quarta queda consecutiva nas vendas no país.

Antonio Megale, presidente da Anfavea, disso no final do ano passado que esperava um crescimento nas vendas de 2017 de um dígito robusto.

"Tínhamos uma previsão que seria um número mais forte (para vendas), mas agora reduzimos para 4 por cento em função do ambiente macroeconômico e, principalmente, o ambiente político que estamos enfrentando", afirmou Megale a jornalistas ao ser questionado sobre a estimativa oficial do setor.

Na véspera, o presidente da associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, Alarico de Assumpção Jr, já havia manifestado avaliação semelhante ao divulgar uma projeção de crescimento de vendas de 2,3 por cento para este ano.

Apesar da projeção contida nas vendas no mercado interno neste ano, a expectativa da Anfavea para a produção é mais vigorosa, de crescimento de 11,9 por cento, para 2,41 milhões de unidades. Em 2016, a produção afundou 11,2 por cento.

Parte da diferença entre as expectativas de vendas e produção foi atribuída por Megale a um esperado aumento de 7,2 por cento das exportações brasileiras de veículos em 2017, para 558 mil unidades.

Além disso, o presidente da Anfavea também citou problemas enfrentados pela Volkswagen junto a fornecedores em 2016, que fizeram o grupo alemão deixar de produzir cerca de 130 mil veículos no país.

No entanto, a própria projeção de exportações do setor neste ano representa uma redução de ritmo frente ao crescimento de 24,7 por cento das vendas externas do setor em 2016. Sobre isso, Megale afirmou que a base de comparação é desfavorável uma vez que o Brasil retomou exportações para seu principal mercado, a Argentina, no ano passado e que neste ano os acordos de comércio envolvem mercados menores, incluindo Colômbia, Chile e Equador.

O crescimento de dois dígitos esperado para a produção não deve resultar na retomada de contratações pelo setor, que deve passar o ano em relativa estabilidade sobre o nível de emprego 2016, de 121,2 mil funcionários, disse o presidente da Anfavea.

Segundo ele, o nível de ociosidade da indústria ainda é bastante elevado, o que impede uma retomada das contratações enquanto o mercado interno não acelera.

Em 2016, as vendas de veículos novos do Brasil recuaram 20,2 por cento, para 2,05 milhões de unidades, e o nível de ociosidade foi de 52 por cento, com destaque para o segmento de caminhões, que ficou 75 por cento desocupado, disse Megale.

(Edição Raquel Stenzel)

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