Por Elizabeth Miles e Katya Golubkova
ESTRASBURGO/MOSCOU (Reuters) - A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) determinou nesta terça-feira que uma lei da Rússia que proíbe a promoção da homossexualidade viola regras de tratados europeus sobre a liberdade de expressão e discrimina os gays.
Três ativistas gays russos iniciaram uma ação contra a legislação federal de 2013, conhecida amplamente como lei anti-propaganda gay, depois de serem multados por portarem cartazes incentivando a aceitação da homossexualidade entre 2009 e 2012.
"O propósito mesmo das leis e a maneira como foram formuladas e aplicadas no caso dos requerentes foi discriminatória e, no geral, não serviu a nenhum interesse público legítimo", disse o tribunal sediado em Estrasburgo em um comunicado.
"De fato, ao adotar tais leis, as autoridades reforçaram o estigma e o preconceito e encorajaram a homofobia, que é incompatível com os valores de uma sociedade democrática".
Observadores de direitos humanos argumentam que a lei vem sendo usada amplamente para visar e intimidar a comunidade LGBT da Rússia. A Corte concordou, argumentando que sua terminologia vaga dá ampla margem a abusos.
A Rússia vem tendo um relacionamento tenso com a CEDH desde que esta anulou um caso decidido pela Corte Constitucional Russa em 2012. Em 2016, o tribunal europeu disse que a Rússia violou a Convenção Europeia de Direitos Humanos em todos, menos seis, de seus 228 julgamentos de casos russos.
A CEDH supervisiona a aplicação da Convenção nos 47 membros do Conselho da Europa, do qual a Rússia é membro.
O governo russo disse que irá apelar contra o veredicto do CEDH.
"O Ministério da Justiça (russo) expressa sua discordância das conclusões da Corte Europeia", disse a pasta em um comunicado, afirmando que irá preparar uma apelação dentro de três meses.