Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Indicado pelo atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para ocupar o cargo de vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, ficou em primeiro na lista tríplice preparada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para comandar o Ministério Público Federal pelos próximos dois anos.
Nicolao Dino teve 621 votos. Em segundo lugar ficou a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, com 587 votos, seguida pelo também subprocurador Mário Bonsaglia, com 564 votos.
O resultado marca uma vitória de Janot, que na segunda-feira denunciou o presidente Michel Temer por corrupção passiva, porque Dino era o candidato mais próximo ao atual procurador-geral entre os oito integrantes da disputa pela lista tríplice.
A votação surpreende porque Dino não era tido como o favorito na bolsa de apostas, ao contrário de Raquel e Bonsaglia.
Nos últimos dias, o governo deu sinais contraditórios sobre a escolha do novo procurador-geral da República, que poderá ter como missão investigar o próprio presidente.
Temer já se manifestou publicamente favorável a acatar a lista. Mas, conforme a Reuters apurou, o Planalto não tem dado garantias de que escolherá o primeiro nome da lista tríplice, prática que tem ocorrido desde 2003.
O governo poderia, até mesmo, descartá-la e indicar alguém de fora da lista, hipótese considerada remota atualmente.
Dino teve papel importante de acusação no julgamento que resultou na absolvição da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo a cassação da dupla.
Durante o julgamento, bateu boca com o presidente da Corte, Gilmar Mendes, por ter pedido o impedimento do ministro Admar Gonzaga por ele ter sido advogado da coligação em 2010. Mendes acusou Dino de ter agido com deslealdade processual ao alegar, somente na última hora, o impedimento de Admar.
"Não se pode coagir o tribunal e agir conforme o jogo da mídia", criticou. Dino rebateu-o, afirmando que jamais agiu dessa forma.
O Palácio do Planalto decidiu ir para a guerra com Janot --que deixa o posto no dia 17 de setembro-- após a acusação criminal contra Temer.