SÃO PAULO (Reuters) - A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu continuar um processo para revogar a autorização concedida à Bolognesi para a construção da termelétrica Rio Grande, com cerca de 1,2 gigawatt em capacidade, mesmo com o interesse de um grupo norte-americano pela usina.
A agência havia anteriormente dado prazo até o final de agosto para que a Bolognesi comprovasse condições de construir a usina ou a vendesse a terceiros que pudessem garantir a entrega do empreendimento no prazo acertado em contrato.
Em reunião de diretoria da Aneel nesta terça-feira, a Bolognesi disse estar prestes a transferir o projeto da usina Rio Grande ao Fortress Investment Group, dos Estados Unidos, mas os diretores da agência entenderam que ainda assim haveria riscos de o empreendimento não ser viabilizado.
"Entendo que aqui todas oportunidades foram dadas e minha compreensão é que realmente não restou comprovada a segurança de que o projeto se viabilizará no prazo", disse o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.
A Bolognesi chegou a levar a Brasília um diretor do Fortress Investment Group, que garantiu que a empresa conseguiria construir a termelétrica sem precisar recorrer a recursos de terceiros e que o prazo seria cumprido.
O diretor da Fortress Investment Group, Branner McElmurray, disse ainda que o investimento na usina seria um início promissor para o grupo, que teria interesse em mais negócios em energia no Brasil.
Em nota, a Bolognesi Energia avaliou como "absurda" a decisão da Aneel, "que desconsiderou a existência de um investidor habilitado e totalmente preparado para cumprir tempestivamente todas as exigências do órgão regulador".
"Dada à flagrante ilegalidade do ato, a Bolognesi Energia certamente apresentará, assim que notificada pela agência reguladora, o recurso cabível, já que a atual decisão representa uma afronta ao desenvolvimento do estado do Rio Grande do Sul e do país", disse a empresa.
Mas um dos diretores da Aneel, Tiago de Barros, ressaltou que seria arriscado dar mais tempo para a implementação da termelétrica Rio Grande, uma vez que uma nova frustração do projeto faria com que se tivesse perdido um tempo precioso que poderia ser utilizado para contratar uma nova usina, mais viável.
"O interesse público em garantir mais prazo para esse empreendimento começa a afetar o interesse público da segurança energética", disse ele.
Vencedora de um leilão de energia realizado pelo governo em 2014, a termelétrica precisaria iniciar operação comercial em 2020.
O empreendimento é orçado em mais de 3 bilhões de reais, mas a Bolognesi vinha buscando parceiros ou a venda do projeto devido a dificuldades financeiras para tocar sozinha a construção.
Um outro projeto de termelétrica da Bolognesi, de porte semelhante, foi transferido pela empresa à Prumo (SA:PRML3) Logística em meados de junho.
(Por Luciano Costa)