Por Rodrigo Viga Gaier e Taís Haupt
SÃO PAULO (Reuters) - O deputado Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, chegou ao hospital Albert Einstein, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira, depois de ter passado por uma cirurgia de emergência em Juiz de Fora (MG), onde foi esfaqueado na véspera durante um evento de campanha.
"O candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, deu entrada ao Hospital Israelita Albert Einstein às 10h43 desta sexta-feira, dia 7. Nas próximas horas, ele passará por exames e uma avaliação médica realizada por equipe multidisciplinar", afirmou em nota o diretor-superintendente do hospital, Miguel Cendoroglo.
Bolsonaro deixou a Santa Casa de Misericórdia da cidade mineira após apresentar estabilidade suficiente para ser transferido.
"Só foi possível o transporte porque está bem... ele está com sonda, oxigênio, soro, medicações e a colostomia é de dois a três meses, mas está estável", disse a diretora da Santa Casa, a médica Eunice Dantas.
Segundo o filho Flávio Bolsonaro, deputado estadual e candidato a senador pelo PSL no Rio de Janeiro, "os médicos que orientaram ele a ir para o Einstein".
"Na saída ele fez sinal de positivo, estava rindo e disse para eu ficar tranquilo e que está tudo bem. Disse ainda: vamos nessa e 'Brasil', aquele jeito dele", acrescentou Flávio.
Líder na corrida presidencial, Bolsonaro sofreu lesões nos intestinos grosso e delgado e em uma veia abdominal, em decorrência de um único, porém profundo golpe de faca durante ato de campanha em Juiz de Fora na tarde de quinta-feira.
"Primeiro nós estancamos o sangramento para preservar a vida dele e partiu para a cirurgia", explicou a médica Eunice Dantas nesta manhã, referindo-se ao tratamento adotado na quinta-feira.
"Fizemos uma secção de 10 centímetros e ele está com uma colostomia provisória... era um sangramento de vulto e dependendo da distância e da demora no atendimento poderia ter causado a morte dele", acrescentou.
Os médicos que participaram da cirurgia disseram na noite de quinta-feira que o intestino delgado foi costurado, mas não foi feita uma emenda na área atingida no intestino grosso, optando-se pela ligação com uma bolsa externa, a colostomia.
A médica repetiu a estimativa feita pelos colegas na véspera de que "deve levar de sete a dez dias para receber alta".
PRIMEIRO TURNO
Mais cedo, outro filho do presidenciável, deputado federal Eduardo Bolsonaro, disse que o pai tinha passado bem a noite, tendo acordado mais animado.
"Ele está bem mais corado, falando melhor, mais consciente e até já recebeu elogios dos médicos", disse Eduardo a jornalistas.
Eduardo disse que havia pelo menos quatro hospitais de São Paulo e Rio de Janeiro para onde Bolsonaro poderia ser transferido --Albert Einstein, Sirio-Libanês e Incor, em São Paulo, e Rede D'Or, no Rio de Janeiro.
"Felizmente meu pai vai para um outro hospital e não para uma cemitério", disse outro filho, Flávio.
Na quinta-feira, muitos parentes, amigos e correligionários estiveram na Santa Casa.
O agressor Adelino Bispo de Oliveira foi detido logo após o ataque e de madrugada foi transferido para um presídio da cidade. A Polícia Federal confirmou que um segundo suspeito foi detido, ouvido e liberado, mas que segue na condição de investigado.
Flávio Bolsonaro disse confiar nas investigações da PF e que haveria outros dois suspeitos de ligação com o agressor sendo investigados.
Antes disso, Flávio falou que o ataque ao pai teria um efeito político positivo nas urnas.
"Queria mandar um recado aos bandidos que tentaram arruinar a vida do meu pai : vocês acabaram de eleger o presidente e vai ser no primeiro turno."
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier em Juiz de Fora e de Taís Haupt em São Paulo)