Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma solenidade no Palácio do Planalto com prefeitos para fazer afagos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não deu declarações públicas desde o anúncio da troca no comando da Petrobras (SA:PETR4) na sexta-feira passada, e ainda fez questão de destacar que não há uma briga com a estatal petrolífera.
No discurso, Bolsonaro exaltou a importância da atuação de Guedes no enfrentamento à pandemia.
"Uma das pessoas mais importantes nesta luta foi o senhor ministro Paulo Guedes", disse Bolsonaro em meio a aplausos.
"Obviamente por ser um homem que decide as finanças do governo ele tem amigos e opositores, mas há todos ele tratou com muita galhardia", acrescentou.
O ministro da Economia --fiador da ida de Roberto Castello Branco para o comando da Petrobras-- ainda não se manifestou publicamente sobre a troca na chefia da petrolífera.
O desagravo do presidente a Guedes ocorre no momento em que há sinais de enfraquecimento do titular da Economia na Esplanada dos Ministérios.
Em sua fala, Bolsonaro cumprimentou a todos que não se deixaram levar pelas "falácias da mídia" ao citar que a Petrobras se recuperou 10% nesta terça-feira.
"Acusações infundadas duraram poucas horas", disse ele, embora a petrolífera ainda não tenha se recuperado por completo das perdas na véspera.
Perto da hora do discurso do presidente, as ações PN e ON da Petrobras saltavam 9,6% e 7,3%, respectivamente, após despencarem, respectivamente, 21,5% e 20,5% na véspera, causando a perda de 74 bilhões de reais em valor de mercado, em meio a temores sobre ingerência do governo na empresa.
Ao se referir à substituição de Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna na Petrobras, o presidente afirmou ainda que é natural que quando se tem um mandato a pessoa seja reconduzida ou se coloque outra no lugar.
"Saiu um bom gestor e está entrando um outro, um excelente gestor, no caso, o general Silva e Luna", disse.
"Nós não temos uma briga com a Petrobras, nós queremos sim que cada vez mais ela possa nos dar transparência e também previsibilidade. Não precisamos esconder reajustes ou seja lá o que for no que integra o preço final dos combustíveis", destacou.
A troca no comando da Petrobras --determinada pelo presidente após queixas com os sucessivos aumentos dos combustíveis-- está sendo questionada na Justiça e no Tribunal de Contas da União.