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Bradesco reduz projeção de inadimplência e espera mais crédito no 2º semestre

Publicado 26.07.2018, 13:41
Bradesco reduz projeção de inadimplência e ganho com seguros e espera mais crédito no 2º semestre
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Arena do Pavini - Diante da queda mais forte que o esperado na inadimplência no segundo trimestre, de 4,39% da carteira em março para 3,92%, o Bradesco (SA:BBDC4) resolveu reduzir a projeção (guidance) para as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) para este ano, de R$ 16 bilhões a R$ 19 bilhões para um nível entre R$ 13 bilhões e R$ 16 bilhões. Esse é o dinheiro que o banco separa para compensar as perdas com calotes nos empréstimos.

No semestre, a despesa com provisões ficou bem abaixo desse intervalo, em R$ 7,3 bilhões, reflexo da queda dos atrasos, de 4,7% em dezembro para os atuais 3,92% da carteira. A maior queda veio das pequenas e médias empresas, cujos atrasos há mais de 90 dias recuaram de 6,6% da carteira para 5,20%, uma redução de 1,4 ponto percentual, destaca Carlos Firetti, diretor departamental de Relações com Investidores do Bradesco. Pessoas físicas caíram de 5,5% da carteira para 4,81% e grandes empresas, de 1,9% para 1,68% de dezembro para junho.

Redução nos seguros

O banco reduziu também as projeções para o setor de seguros, com a expectativa para o crescimento dos prêmios caindo de 4% a 8% para o intervalo entre 2% a 6%. No primeiro semestre, as receitas caíram 1,8%, especialmente por conta de previdência privada e da carteira de seguros de carros e grandes riscos. A área de seguros respondeu por 31% do lucro do banco no primeiro semestre.

Inadimplência de volta ao pré-crise

“A melhora no crédito e a queda na inadimplência permitem fazer uma revisão pela queda do PDD”, afirma Denise Pavarina, diretora-executiva de Relações com Investidores. “Estamos voltando para os patamares de antes da crise”, afirma. Já em seguros, o resultado foi bom com aumento das vendas no segundo trimestre em relação ao anterior, de 3,7%, mas queda de 1,6% sobre o mesmo período do ano passado. “Por isso, reduzimos o guidance para o ano na part de crescimento de prêmios de seguros”, explica.

Firetti destaca que a inadimplência geral caiu quase 0,4 ponto percentual no trimestre, de 4,39% para 3,92%, com a melhora em todas as linhas, sendo maior em pequenas e médias empresas, o que reflete a melhor qualidade na hora de conceder o crédito. Nas pequenas empresas, a queda do primeiro para o segundo trimestre dos atrasos foi de 6,12% para 5,20%, quase um ponto percentual, enquanto pessoas físicas recuaram de 5,07% para 4,81%. Os atrasos de mais de 90 dias na carteira de grandes empresas recuou de 2% para 1,68%.

Provisões de 300% e melhora em pequenas empresas

O banco mantém uma cobertura de provisões equivalente a 300% dos atrasos acima de 90 dias. “Estamos atingindo níveis muito baixos na inadimplência”, afirma o diretor. “Falta normalizar um pouco pequena e média empresa, que sofreram bastante com a crise, e vemos espaço para normalização”, explica. Há também espaço para melhora em pessoas físicas. “O que está alto e tem espaço para melhorar é o segmento de corporate, grandes empresas, principalmente quando a economia engatar.”

Queda em previdência e seguros de carros

Segundo Vinícius Albernaz, presidente do Grupo Bradesco Seguros, apesar da queda no consolidado de seguros de 1,8% no semestre, houve crescimento em saúde, de 5,7% no semestre, e capitalização, com 2,9%. Já autos e ramos elementares, com queda de 8,8%, teve o efeito da venda da área de grandes riscos feita pelo banco, o que levou um pedaço da receita. Em seguros de automóveis, a queda em auto foi um pouco menor, 5%, reflexo da opção do banco de manter os preços e a rentabilidade em meio à concorrência maior nesse segmento. “Por isso o resultado operacional melhorou”, diz Albernaz. Já em previdência, a queda reflete o efeito geral do mercado, que sofreu com o aumento da volatilidade, que mexeu com a rentabilidade das carteiras, e do cenário econômico, que afeta a renda dos participantes.

Sinistralidade menor

O mercado de seguros ainda sente os efeitos da conjuntura econômica, mas os indicadores da Bradesco Seguros foram satisfatórios, diz Albernaz. A sinistralidade melhorou 0,7 ponto, para 74,4% no semestre e o resultado financeiro de R$ 3,145 bilhões ficou 18,9% acima do ano passado. A rentabilidade atingiu 19,6% do patrimônio, 0,5 ponto percentual acima dos 19,1% do mesmo semestre de 2017. Ele destaca ainda que as provisões técnicas da seguradora, de R$ 252 bilhões, representam 27% do mercado segurador e o faturamento da Bradesco Seguros equivale a 25% do mercado. “Se a redução do juro reduz o retorno financeiro das aplicações das reservas das seguradoras, a recuperação moderada da economia tende a criar condições favoráveis para as empresas do setor”, diz.

Lucro reflete equilíbrio dos negócios e potencial de crescimento do país

O lucro do banco chama a atenção não só pelo crescimento, de quase 10% no primeiro semestre, mas por refletir o equilíbrio dos negócios, afirma Octavio de Lazari Junior, presidente-executivo do Bradesco (foto). “O crédito para as famílias cresceu, assim como para empresas e reduzimos a inadimplência”, afirmou, em entrevista coletiva. Segundo ele, a capacidade de crescimento da economia brasileira esta preservada, com muitas empresas com projetos aguardando o momento para sair da gaveta. “E as condições da economia são boas, com inflação baixa e controlada, cambio competitivo, excelente oferta de mão de obra e capacidade instalada”, avalia.

Crédito imobiliário, consignado e veículos puxam operações

Foi a qualidade do crédito que permitiu ao banco reduzir a projeção de inadimplência, afirma Lazari, que destaca o crescimento de linhas de menor risco e inadimplência como crédito imobiliário, de 8,2% no segundo trimestre sobre o mesmo período de 2017, crédito consignado, com mais 13%, e veículos, com 13,9% de aumento.E na pessoa jurídica, o crescimento foi de 3,5%.

Novas concessões cresceram 23% para PF e 35% para PJ

O presidente do Bradesco chama a atenção ainda para o ritmo de concessões diárias de empréstimos, com a média diária subindo 23,5% para pessoas físicas em relação ao ano passado e 35,6% para pessoas jurídicas. A tendência é de o crescimento para empresas continuar, como mostra o crescimento do primeiro para o segundo trimestre nas concessões, de 23,6%, para 2,1% nas pessoas físicas.

Perfil dos empréstimos é melhor, diz Lazari

Além disso, o perfil das novas operações é mais saudável. “Temos muitas pessoas físicas buscando aquisição de imóveis, veículos voltaram a crescer e segue a procura por consignado, que está disseminado pela rede de agências”, diz. “Outras carteiras de juro mais alto e curto prazo, como cheque especial, apresentam crescimento menor”, diz. “São carteiras saudáveis, com juros menores e prazos mais longos, é um bom perfil”, explica Lazari.

Já as concessões para pessoa jurídica apresentam crescimento maior no varejo, com empresas menores buscando repor estoques, comprar matérias-primas. “E temos o aspecto das grandes corporações, que tiveram alguns negócios importantes”, acrescenta. “E isso leva a uma melhora considerável nos índices de inadimplência, que nos permitiu reduzir as provisões para perdas de R$ 10 bilhões para R$ 7 bilhões”, conclui.

As receitas de prestação serviços também cresceram de maneira consistente, com o banco participando de mais operações de emissões de empresas no mercado. Além disso, do lado das despesas, além do forte controle de custos, o Bradesco ainda se beneficia das sinergias com a compra do HSBC. Lazari diz que vê sinais de crescimento da economia e da confiança dos agentes e espera uma trajetória mais positiva para a economia neste semestre e em 2019.

Banco digital Next já tem 180 mil contas e maquininhas já são 110 mil

O presidente do Bradesco destacou ainda o banco digital Next, que já abriu 180 mil contas no primeiro semestre e deve chegar a 400 mil no fim do ano. O banco também já distribuiu 110 mil máquinas de cartão desde março, cumprindo a meta para o ano, que era de 100 mil aparelhos.

Bradesco quer “pescar” 40 milhões de clientes

O banco está também investindo em uma área de não correntistas, para atrair parte dos 40 milhões de pessoas que usam outros serviços do banco, como seguros, consórcios, corretora, cartões. Para isso, estruturou uma área para tornar esses clientes indiretos em correntista. “Podemos dobrar nossa base de correntistas, hoje de 40 milhões, com esses clientes, por isso vamos explorar essa base”, diz.

Alta do dólar puxa carteira de empresas

A carteira de crédito de grandes empresas cresceu 4,5% também por conta da alta do dólar, explica Firetti. Como muitas operações são feitas em moeda americana, o valor dos empréstimos sobe. Sem esse efeito o crescimento da carteira teria sido de 3,2%. “Mas, além disso, tivemos boas originações na carteira corporate, e buscamos ser competitivos não só em preços, mas também em montar estruturas que atendam bem o cliente”, diz.

Banco quer ficar na média das projeções

Sobre as projeções, Firetti estima que o banco deve fechar o ano com a margem financeira, que calcula o ganho em relação ao que o banco paga pelo dinheiro dos clientes, deve ficar no meio do guidance, que vai de zero a -4%, ou seja, -2%. “O segundo semestre deve ser menos volátil e ajudar a ficar no meio da projeção”, diz. Já a carteira de crédito teve uma aceleração no segundo trimestre e se aproximou do meio da projeção, de crescer entre 3% e 7%, com crescimento de 4,5% no primeiro semestre.

“Nosso objetivo deve ser o meio do guidance”, diz. “Temos crescido mais no varejo, com pequenas e médias empresas e pessoas físicas e menos grandes empresas, que começam a dar alguns sinais de recuperação agora”, diz. Já na inadimplência, a expectativa para a despesa com provisões seria mais o meio das projeções, entre R$ 13 bilhões e R$ 16 bilhões, ou seja, R$ 14 bilhões. Hoje, elas estão bem abaixo, em R$ 7 bilhões.

Por Arena do Pavini

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