Investing.com - O BTG Pactual (SA:BPAC11) iniciou a cobertura das ações da C&A com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 23,00, implicando em 27x P/E 2020, com um potencial de valorização de 34%, segundo informações que fazem parte de relatório enviado pelo banco nesta terça-feira para sua base de clientes. A varejista de fast-fashion realizou abertura de capital da subsidiária brasileira na B3 no final de outubro, quando suas ações foram precificadas em R$ 16,50.
Nesta terça-feira, os papéis são negociados com queda de 1,17% a R$ 16,95.
A equipe destaca que por mais de 40 anos, a C&A foi uma das poucas varejistas estrangeiras de vestuário a fazer negócios com sucesso no Brasil. Eles destacam que, depois de um período de recuperação e um crescimento mais fraco da receita líquida em comparação com seus pares, melhorou a execução e estabeleceu os pilares para expandir no Brasil, explorando sua vasta base de lojas, reconhecimento da marca em um setor de varejo de vestuário fragmentado.
Para os analistas, o Brasil é um mercado difícil para se fazer negócios. Questões regulatórias, um sistema tributário complexo e gargalos logísticos deixaram os players de sucesso no exterior (por exemplo, Amazon (NASDAQ:AMZN) e Walmart) lutando para ganhar força. No Brasil, o risco cambial da Zara é maior e o lead time é mais longo, pois muito pouco é produzido localmente contra 10 anos atrás, quando a Zara produzia cerca de 40% localmente.
Já a C&A desenvolveu uma sólida cadeia de suprimentos locais (72% dos fornecedores são locais), dos quais 30% são "exclusivos" e tem autonomia para desenvolver coleções, é uma exceção à regra para varejistas estrangeiros.
O BTG (SA:BPAC11) destaca ainda que a C&A combina uma vasta base de lojas (283 no terceiro trimestre), forte reconhecimento da marca e os frutos de uma reviravolta que remonta a 2015 e que causou uma grande desaceleração no processo de abertura de lojas (e alguns fechamentos), mas com efeitos positivos na contribuição da loja enquanto se concentra na construção de uma base de fornecedores mais local.
A avaliação é que existem oportunidades para diminuir a diferença de número de lojas para os principais pares, depois de alguns anos de crescimento mais fraco, alavancando também um setor de vestuário fragmentado (a C&A tem 5% de participação) e o posicionamento da C&A como um nicho de comércio eletrônico.
Serviços financeiros
O banco chama a atenção para o fato de que além da divisão de varejo, a C&A possui uma joint venture virtual 50/50 com o Bradesco (SA:BBDC4) (que possui exclusividade sobre operações de crédito), com + 5 milhões de cartões de crédito ativos e + carteira de crédito de R$ 3 bilhões. O Bradesco controla a aprovação de crédito, o que nos últimos anos representou uma das menores taxas de aprovação (% das vendas no varejo) diante de seus pares. A C&A quer igualar a oferta e construir lentamente um portfólio com mais produtos, sujeito às negociações do Bradesco.
Risco de execução
Apesar da recomendação, os analistas apontam que não podem ignorar os riscos de execução, acelerando a abertura da loja, implementando Push & Pull (e melhorando margens) e criando uma oferta adicional de crédito ao consumidor, mas calculam que tudo isso já está precificado na avaliação atual. Negociando em 20x P/E 2020, as ações oferecem um desconto de 30% para a mediana dos varejistas de roupas/calçados, oferecendo vantagens para os investidores.