A Petrobras (BVMF:PETR4) tem expertise no setor de fertilizantes, mão de obra e fábricas, além de produzir gás, reunindo as condições para produzir fertilizantes sozinha, sem a necessidade de parcerias, disse nesta terça-feira, 2, em seu blog a conselheira representante dos empregados no conselho de administração da estatal, Rosângela Buzanelli.
Segundo ela, a presidente da companhia, Magda Chambriard, tem comprovada experiência, capacidade técnica e de gestão no setor de óleo e gás e, principalmente, compromisso com o projeto eleito e o "Plano Estratégico 2024-28" da companhia.
"Confio que (Magda) buscará a melhor solução para concretizar esse importante projeto para a Petrobras e o Brasil", disse a petroleira.
No dia 28 de junho, a estatal encerrou um contrato de industrialização por encomenda (tolling) que havia sido firmado com o Grupo Unigel em duas unidades de fertilizantes nitrogenados que pertencem à Petrobras, na Bahia e Sergipe. Foram arrendadas em 2019 por dez anos (prorrogáveis pelo mesmo período).
"Reativadas em 2021, com a celebração de um contrato de fornecimento de gás natural com a companhia, na modalidade ship or pay, as unidades operavam a todo vapor e os negócios iam bem. Em 2023, o cenário se reverteu e a empresa passou a amargar resultados negativos", escreveu Buzanelli.
Em 29 de dezembro, a Petrobras assinou o contrato de tolling com o grupo petroquímico. O acordo tinha vigência de 240 dias e previa o pagamento total de R$ 759,2 milhões à Unigel, pela prestação dos serviços nas duas fábricas de fertilizantes. A Petrobras, por sua vez, ajudaria na produção com o fornecimento de gás natural como matéria-prima.
"Em fevereiro, o acordo gerou contestações do Tribunal de Contas da União (TCU), com o apontamento de falhas na governança da Petrobras, o que não se comprovou, e questionamentos sobre os cálculos que justificaram a assinatura do contrato. No mês seguinte, a Unigel anunciou a paralisação total das operações das Fafens (Fábricas de fertilizantes) e a demissão de centenas de funcionários", explicou a conselheira.
Em seu comunicado, a Petrobras esclareceu que segue "na análise de uma solução definitiva, rentável e viável para o suprimento de fertilizantes ao mercado brasileiro", alinhada ao Plano Estratégico 2024-2028, que prevê investimentos no setor.
De acordo com Buzanelli, a Unigel teve "pujantes lucros" em 2021, quando do aumento do preço dos fertilizantes, impulsionado pelo conflito Ucrânia e Rússia, inclusive exportando a maior parte de sua produção em detrimento das necessidades do mercado interno. Quando os preços baixaram, tentou responsabilizar a Petrobras pelo seu mau desempenho financeiro, alegando o valor cobrado pelo gás.
"Mas a Petrobras não era o maior fornecedor, respondia por cerca de 30% do fornecimento. Não bastasse, colocaram trabalhadores sob ameaça de demissão", afirmou Buzanelli. "É público o fato de que a Unigel está em processo de recuperação judicial, o que reforça sua incapacidade de tocar as fábricas arrendadas", acrescentou.
A retomada da produção de fertilizantes no País é uma demanda também da Federação Única dos Petroleiros (Fup), que nesta terça-feira defendeu que a Petrobras retome as fábricas de nitrogenados da Bahia e de Sergipe, "assumindo integralmente sua gestão", opinião que Buzanelli também compartilha.