Citi não prevê impacto significativo de tarifa de 50% em empresas de commodities brasileiras

Publicado 10.07.2025, 09:07
Atualizado 10.07.2025, 09:10
© Reuters. Contêineres em Porto de Los Angeles

(Reuters) - Analistas do Citi veem pouco efeito nos resultados de empresas brasileiras atreladas a commodities sob a cobertura do banco a partir do anúncio da véspera do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar produtos brasileiros em 50%.

"Em relação à nossa cobertura de Commodities na América Latina, não prevemos impactos significativos, já que a maioria das empresas exporta apenas uma pequena parte de suas vendas para os EUA -- ou sequer exporta --, sendo a principal exposição a da Suzano (BVMF:SUZB3)", afirmaram Gabriel Barra e equipe.

Em relatório a clientes no final da quarta-feira, os analistas citaram que a Suzano possui a maior participação de vendas para os EUA no universo de cobertura do Citi, de cerca de 15%, mas, apesar de possíveis fricções no curto prazo, isso não deve representar um impacto relevante no médio e longo prazo.

Em paralelo, eles avaliam que o aumento do risco geopolítico pode se traduzir em uma tendência de alta na taxa de câmbio. Na véspera, o contrato futuro do dólar acelerou a alta após o anúncio, chegando a subir 3%, para fechar o dia com elevação de 0,85%, a R$5,516.

"Caso esse cenário se concretize, o impacto pode ser positivo, já que a maioria das empresas sob nossa cobertura possui parte de seus custos denominados em reais. No entanto, ainda é cedo para avaliar qualquer efeito concreto nesse sentido", afirmaram.

No setor de petróleo e gás, a equipe do Citi destacou que os EUA são grandes produtores de petróleo e derivados, com baixa dependência do comércio internacional.

Citando dados da Administração de Informações sobre Energia (AIE) dos EUA, eles acrescentaram que o Brasil exporta cerca de 200 mil barris por dia de petróleo bruto e derivados para os EUA-- "um volume pequeno que pode ser redirecionado para outros mercados no curto prazo".

No agronegócio, Barra e equipe afirmaram que os EUA são grandes produtores e exportadores de commodities agrícolas como soja, milho e algodão, com praticamente nenhuma dependência das exportações brasileiras.

Eles acrescentaram que, embora os EUA sejam grandes importadores de açúcar, a maior parte desse volume não vem do Brasil devido às cotas de exportação que limitam esse comércio. No caso do etanol, escreveram, os EUA também são grandes produtores, mas importam volumes do Brasil devido à menor pegada de carbono do produto brasileiro.

"Assim, mesmo com tarifas, os EUA podem continuar comprando etanol brasileiro. Caso contrário, o volume é pequeno e pode ser redirecionado para outros destinos."

Em mineração e siderurgia, os analistas afirmaram que O impacto da tarifa de 50% proposta sobre produtos brasileiros parece limitado para o setor. No caso do aço, explicaram, as tarifas já são substituídas pela Seção 232, que já impõe alíquota de 50%.

"A Gerdau (BVMF:GGBR4) não exporta do Brasil para os EUA, apesar de cerca de 50% do Ebitda vir de operações nos EUA, enquanto CSN (BVMF:CSNA3) e Usiminas (BVMF:USIM5) já viram suas exportações caírem para níveis quase nulos após tarifas anteriores e seguem negociando cotas com o governo brasileiro."

A CBA, de acordo com a equipe do Citi, está em situação semelhante, com exposição mínima ao mercado norte-americano, enquanto a Vale (BVMF:VALE3), cujas exportações aos EUA somam cerca de 3% da receita, pode redirecionar volumes para outras regiões.

"No geral, o setor já se ajustou às tarifas anteriores."

No setor de papel e celulose, a equipe do Citi destacou que a Klabin (BVMF:KLBN11) tem exposição limitada ao mercado dos EUA, de cerca de 2% da receita em 2024, e os volumes podem ser redirecionados sem grandes impactos.

"A Suzano, que exporta cerca de 15% da receita total para os EUA, pode enfrentar fricções no curto prazo, mas se beneficia por estar no quartil de menor custo da indústria, com escala global e flexibilidade", acrescentaram no relatório.

No médio prazo, eles afirmaram esperar que a Suzano redirecione volumes a outras regiões, como Europa, já que os EUA precisarão buscar volumes de fornecedores alternativos com custos mais altos. "Pode haver algum atrito no curto prazo, mas não esperamos impactos materiais nos fundamentos da empresa."

 

(Por Paula Arend Laier)

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