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Consultor vê risco de liquidez nos EUA; quebra da GE poderia iniciar crise

Publicado 06.12.2018, 09:08
© Reuters.  Consultor vê risco de crise de liquidez nos EUA; quebra da GE poderia iniciar turbulência
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Arena do Pavini - A economia dos Estados Unidos pode estar perto de uma nova crise com desdobramentos sobre o restante do mundo, alerta o economista e consultor francês Louis-Vincent Gave, sócio da empresa de pesquisa Gavekal Research. Sediado em Hong Kong, ele presta serviços de consultoria econômica para gestoras de diversos países. Segundo ele, o risco de uma nova recessão nos Estados Unidos aumentou nos últimos meses e a nova crise poderá ter sua origem no mercado de crédito para empresas.

Gave diz que já há alguns “peixes pequenos boiando”, numa referência a empresas em dificuldades para pagar suas dívidas, mas que espera a qualquer momento que surja uma “baleia”, o que poderia dar início a uma crise semelhante à de 2008. “Pode ser um caso parecido com a Lehman Brothers, que disparou a onda de insegurança nos mercados e provocou a crise do subprime”, lembra. O economista participou de um evento da gestora Western Asset com clientes em São Paulo.

Segundo ele, uma candidata a “baleia” seria General Eletric (GE), que está em sérias dificuldades para honrar seus compromissos. Sua quebra poderia levar junto o mercado de crédito, provocando uma crise de liquidez que afetaria todos os mercados. Com 126 anos, a empresa é uma das mais antigas em atividade nos EUA e está promovendo uma grande venda de ativos para equilibrar suas contas. Suas ações já caíram mais de 50% nos últimos 12 meses. “Hoje a GE é o elefante na sala, que poderia levar a um colapso do mercado de títulos privados e acionar a crise de liquidez”, diz.

A origem da crise, segundo Gave, é o excesso de liquidez dos últimos anos provocado pelo déficit público americano crescente. “Os Estados Unidos passam por um processo de envelhecimento que aumenta os gastos públicos, o mesmo vivido pela Europa há 20, 30 anos”, diz. Nesse processo, o governo tem de escolher entre manter exércitos ou cortar gastos públicos. “A escolha da Europa foi cortar os gastos militares, que foi o que fez também o presidente Barack Obama, mas o gasto foi retomado pelo presidente Donald Trump e isso tem impactos no endividamento dos Estados Unidos”, diz.

Em uma nova crise mundial, Gave espera fortes impactos nos mercados financeiros e sobre países emergentes com situação fiscal e externa mais fraca. O impacto da crise levaria também a uma queda drástica dos preços do petróleo, com a Arábia Saudita ampliando sua produção para prejudicar o Irã. A crise continuaria até o Federal Reserve (Fed, banco central americano) injetar novamente liquidez nos mercados reduzindo juros, ou até que a China passasse a dar mais incentivos para a economia.

A recomendação do economista é reduzir o risco das carteiras de investimentos nos próximos meses. E, no caso de uma crise, os únicos ativos seguros seriam o ouro e os títulos em moeda chinesa.

Nesta semana, o receio de uma recessão nos EUA voltou após os títulos do Tesouro de curto prazo, de dois e três anos, apresentarem taxas de juros maiores que os mais longos, de cinco anos. A diferença entre o juro de dois anos e o de 10 anos também ficou menor, o que seria um indicador de queda na atividade no médio prazo, o que obrigaria o Fed a reduzir os juros.

Por Arena do Pavini

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