Investing.com – A temporada de balanços americana teve início na última sexta-feira (12), com a divulgação de indicadores financeiros de grandes instituições financeiras como JPMorgan Chase & Co (NYSE:JPM), Wells Fargo (NYSE:WFC), Citi (NYSE:C) e BlackRock (NYSE:BLK). Na semana de 15 a 19 de abril, outros nomes de destaque apresentam dados, como Goldman Sachs (NYSE:GS), Bank of America (NYSE:BAC), Morgan Stanley (NYSE:MS), United Airlines (NASDAQ:UAL), Netflix (NASDAQ:NFLX) e Procter & Gamble Company (NYSE:PG).
CONFIRA: Calendário da Temporada de balanços
“Os bancos iniciaram na sexta de manhã a temporada de balanços apresentando um panorama misto. Apesar de crescimento de LPA (lucro por ação) em média acima do esperado até agora, a expectativa da manutenção da taxa de juros na casa dos 5,5% ao menos até junho levou a uma reprecificação dos lucros futuros, sob a expectativa de menores lucros no segmento de bancos de investimento”, avalia Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com.
Monteiro afirma que investidores devem estar atentos não apenas aos números reportados agora, mas, principalmente, ao chamado future guidance (orientação futura). “Em ambientes assim, não é raro ver empresas batendo expectativas em todos os bottom-lines, mas caindo devido a um guidance negativo”.
Monteiro acredita que a temporada deve ser razoável para boa na média para as empresas listadas em Wall Street, mas “certamente longe do crescimento médio de lucros na casa dos dois dígitos tal qual reportado no último quarto”, indicando algo próximo de 5% frente ao ano anterior para as empresas do S&P 500. Entre os motivos, estariam uma base de comparação forte e dificuldades em segmentos como construção e energia, que devem ver quedas mais aprofundadas, em sua visão.
Tecnologia e comunicações devem apresentar maiores crescimentos de lucros, em meio ao boom de inteligência artificial (IA) e crescente atividade de M&As, mas o estrategista considera que haverá mais escrutínio sobre os lucros relacionados a AI diante de robustos investimentos realizados.
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Entre os fatores que pesaram na última temporada de balanços e que merecem atenção redobrada nesta, ainda conforme Monteiro, estão a falta de crescimento no mercado de publicidade e o achatamento da curva de crescimento da demanda por veículos elétricos.
“No primeiro, é provável que os juros persistentemente altos obriguem empresas de largo porte como Google (NASDAQ:GOOGL) e Amazon (NASDAQ:AMZN) a buscarem ainda mais diversificação nos seus portfólios de oferta. No segundo, corremos o risco de ver a corrida por inovação no segmento jogada para ainda mais longe devido a um achatamento de margens geral”, conclui o especialista.
Segundo o Bank of America (BofA), o foco dos investidores agora se volta para os lucros, diante de um cenário macroeconômico considerado misto, mas com tendências mais positivas frente ao quarto trimestre, e expectativas baixas. Os estrategistas do banco estimam uma batida nos lucros de 4%.
O foco estará direcionado à demanda, com possível alta nos lucros impulsionados possivelmente por maiores volumes, de acordo com o BofA, além da alavancagem operacional.
“Acreditamos que a próxima etapa do ciclo ascendente de lucros será liderada pelo volume. A alavancagem operacional deverá impulsionar ainda mais as margens à medida que demanda se recupera”, mencionando como possíveis beneficiados setores como energia, consumo discricionário, industriais, tecnologia e materiais.
“Embora a economia de serviços esteja a mostrar sinais de fraqueza (por exemplo, restaurantes), a normalização dos gastos com bens versus serviços é uma configuração saudável para os lucros”, completam.
Os analistas do Bank of America enxergam um ciclo de investimentos saudável à frente tanto de IA quanto de outros megaprojetos, além de melhoria na expansão de dividendos nesta temporada, mencionando início de dividendos de empresas de tecnologia.
Fôlego renovado?
Após pressões no mercado acionário com dados de inflação nos Estados Unidos acima do esperado e uma série de revisões de instituições financeiras sobre o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), investidores estão em busca de novos catalisadores.
O Goldman Sachs espera que os resultados corporativos, sustentados por um crescimento econômico robusto americano, devem ser o principal propulsor para as ações. O GS avalia que companhias que possuem com maior alavancagem operacional tendem a ter uma expansão mais acelerada de seus lucros, diante de possíveis altas em suas margens de lucro.
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