(Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch disse nesta segunda-feira que os recentes escândalos envolvendo a Petrobras podem atrasar o crescimento da produção da companhia, com impacto negativo nas negociações da empresa com fornecedores de equipamentos, uma vez que os executivos provavelmente irão adotar posição mais cautelosa ao assinar ou alterar contratos.
"Esta questão será mais relevante para a modificação de especificações de plataformas do tipo FPSO que estão em construção, o que pode causar atrasos nas entregas e, portanto, afetar o crescimento da produção no longo prazo", disse a agência em um relatório.
No curto prazo, no entanto, provavelmente será mantido em 2015 o ritmo de expansão de produção visto em 2014, disse a Fitch.
"O perfil do crédito futuro da Petrobras depende fortemente da habilidade da companhia de aumentar sua produção para elevar a geração de fluxo de caixa, reduzir a dependência de importações e minimizar as perdas na divisão de refino e distribuição de combustíveis", disse a Fitch.
A petroleira disse na semana passada que atrasaria a publicação de seus resultados trimestrais, cujo prazo regulamentar venceu na sexta-feira, numa tentativa de analisar as repercussões financeiras dos supostos desvios revelados pela operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Um relatório não auditado é esperado para 12 de dezembro. A empresa ainda não tem previsão para divulgar os dados auditados por consultoria externa, mas executivos da estatal indicaram nesta segunda-feira que isso poderá ocorrer apenas no fim de janeiro.
Segundo a Fitch, a qualidade do crédito da Petrobras vai cair se as atuais investigações resultarem em penalizações monetárias ou perdas em ativos.
"A atual estrutura de capital da companhia e seu agressivo plano de investimentos deixam pouco espaço para absorver significativos custos financeiros adicionais e ao mesmo tempo manter os 'ratings' nos níveis atuais", disse a agência.
A atual avaliação da Fitch sobre a Petrobras já incorpora atrasos de seis meses no início das operações de FPSOs.
Atrasos de 12 meses ou mais em colocar novas unidades em funcionamento pode resultar em ações negativas de rating, disse a Fitch.
(Por Gustavo Bonato, em São Paulo)