SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançou ante o real nesta segunda-feira, em uma sessão marcada por volatilidade, com especulações sobre a eleição presidencial no Brasil e incertezas sobre o futuro da política monetária na Europa e nos Estados Unidos.
A moeda norte-americana subiu 0,44 por cento, a 2,2905 reais na venda, perto da máxima da sessão de 2,2912 reais. Na mínima, o dólar foi negociado a 2,2747 reais.
"Conforme vão se aproximando as eleições de outubro, a tendência é que o mercado fique cada vez mais volátil. E não ajuda que o cenário externo está atulhado de incertezas", afirmou o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Na cena interna, o mercado continua de olho nas eleições, cuja corrida ganhou novos contornos com a entrada da Marina Silva (PSB) na disputa à Presidência da República após a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo.
No começo da semana passada, pesquisa Datafolha mostrou que é praticamente certo que a presidente Dilma Rousseff (PT) não conseguirá se reeleger no primeiro turno devido à ascenção de Marina como cabeça de chapa pelo PSB e o resultado da rodada final da eleição está mais incerto.
Investidores esperam novas pesquisas eleitorais, como a do Ibope a ser divulgada a partir de terça-feira.
No front externo, esta sessão foi marcada pela apreciação do dólar sobre o euro, que atingiu a mínima em quase um ano ante a moeda norte-americana, na esteira de expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) vá adotar mais medidas de estímulo para tentar impulsionar a atividade econômica da região.
Mais cedo, foi divulgado que a confiança de negócios na Alemanha caiu pelo quarto mês consecutivo em agosto, poucos dias após o próprio presidente do BCE, Mario Draghi, ter dito que a autoridade monetária está pronta para agir mais se necessário.
Mesmo com a expectativa de mais liquidez nos mercados globais, apostas de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, pode elevar o juro mais cedo que o esperado mantiveram a moeda dos EUA em alta sobre uma cesta de divisas.
"O que acontece é que, como as perspectivas lá fora são bastante incertas, o mercado acaba correndo para a proteção do dólar", disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros.
A volatilidade veio mesmo diante da constante atuação do Banco Central brasileiro no câmbio. Pela manhã, o BC deu continuidade às intervenções diárias no mercado, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares. Foram vendidos 1,5 mil papéis para com vencimento em 1º de junho e 2,5 mil para 1º de setembro de 2015, com volume financeiro correspondente a 197,2 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil contratos para rolar os swaps que vencem em 1º de setembro. Até agora, o BC rolou cerca de 74 por cento do lote total, que corresponde a 10,070 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski; Reportagem adicional de Patrícia Duarte)