SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura reduziu em 3,6 por cento os preços mínimos do trigo para a temporada 2017/18, em uma medida que deverá acentuar o desestímulo ao plantio da nova safra, segundo um representante dos produtores.
No caso do trigo "pão" tipo 1 no Sul do país, por exemplo, o preço mínimo foi reduzido para 37,26 reais por saca de 60 quilos, ante 38,65 reais na temporada 2016/17, segundo portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira.
Os preços mínimos servem como referência para o governo aplicar políticas de subvenção aos produtores rurais no caso de forte recuo das cotações de mercado.
Na avaliação da Ocepar, entidade que reúne cooperativas do Paraná, principal Estado produtor, a decisão do governo deverá reduzir ainda mais a área plantada em 2017.
Atualmente, o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado ao governo do Estado, projeta uma queda de área de cerca de 4 por cento em 2017, para 1,05 milhão de toneladas.
"A gente imagina que a estimativa pode ser revisada para baixo, de uma queda de 4 por cento para um recuo de 10 por cento", disse à Reuters o gerente-técnico da Ocepar, Flávio Turra.
Segundo ele, a semeadura do trigo do Paraná alcança apenas 5 por cento da área total para este ano e ainda há tempo para que muitos produtores mudem suas intenções de plantio.
"Já temos muito desestímulo este ano após a baixa remuneração da safra 2016, quando colhemos bem, mas houve dificuldade de liquidez... Com esse preço mínimo o produtor vai acabar procurando alternativas", completou Turra.
No ano passado, o Paraná colheu cerca de metade safra do Brasil, um país que importa boa parte de seu consumo.
(Por Gustavo Bonato)