Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Após novos sinais de fraqueza do setor varejista no início do terceiro trimestre, economistas de instituições financeiras reduziram a perspectiva para a expansão da economia brasileira neste ano e no próximo, ao mesmo tempo em que passaram a ver o início do ciclo de aperto monetário mais tarde em 2015.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira mostrou que a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 caiu pela 16ª semana seguida, a apenas 0,33 por cento, contra 0,48 por cento na semana anterior.
A expectativa é de alguma recuperação em 2015, mas a estimativa para a expansão foi reduzida a 1,04 por cento, sobre 1,10 por cento.
As vendas no varejo no Brasil recuaram 1,1 por cento em julho sobre o mês anterior, contrariando expectativas de alta e destacando a dificuldade da economia em se recuperar após entrar em recessão no primeiro semestre.
Nesta segunda-feira, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas projeções para a economia brasileira e estima expansão de 0,3 por cento neste ano. Para 2015, vê crescimento de 1,4 por cento.
SELIC
Neste cenário de atividade mais fraca, o Focus indicou que os especialistas passaram a ver que um novo ciclo de aperto monetário vai começar mais tarde.
Agora, acreditam que a Selic subirá apenas em julho de 2015, e não mais em março, e que a taxa básica de juros encerre o próximo ano a 11,50 por cento. Até então, a estimativa era de que ela ficasse em 11,63 por cento no período.
Para este ano, foi mantida a expectativa de que a Selic encere nos atuais 11 por cento.
O Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, vê a Selic a 11 por cento este ano e a 12 por cento no próximo, projeções inalteradas sobre a pesquisa anterior.
Na ata de sua última reunião, o BC reforçou a perspectiva de que a Selic continuará em 11 por cento ao menos até o fim de 2014. Ao mesmo tempo, vê a pressão sobre os preços elevada, mas não mais "resistente".
Os analistas consultados no Focus mantiveram a perspectiva para a alta do IPCA tanto em 2014 quanto em 2015 em 6,29 por cento. Já para os próximos 12 meses, a perspectiva para a inflação foi elevada em 0,04 ponto percentual, a 6,28 por cento.
O Focus mostrou também que os especialistas consultados reduziram suas expectativas para o dólar pela segunda semana seguida. Para 2014, veem a moeda norte-americana encerrando a 2,20 reais (sobre 2,33 reais no levantamento anterior) e para 2015, a 2,45 reais, sobre 2,49 reais.
Na semana passada, o dólar acumulou alta de 4,26 por cento, a maior em um ano, após pesquisas eleitorais mostrarem recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT), que tem sido criticada pelo mercado pela condução da atual política econômica, nas intenções de voto.