Por Anna Flávia Rochas
SÃO PAULO (Reuters) - A distribuidora de energia AES Eletropaulo, que atende a região metropolitana de São Paulo, acredita na recuperação de seu caixa neste semestre, depois que os altos gastos com a compra de energia afetaram negativamente o resultado da companhia no segundo trimestre.
A empresa fechou o período de abril a junho com prejuízo de 354,4 milhões de reais, num resultado muito pior que o prejuízo de 155 milhões de reais estimado por analistas, e com crescimento de receita líquida de apenas 2,6 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ficou negativo em 382,7 milhões de reais.
A ação da companhia chegou a ser a principal queda do Ibovespa na manhã desta quinta-feira, mas subia 1,76 por cento às 16h00.
O gasto com a compra de energia para revenda foi o principal fator para o resultado negativo da companhia no segundo trimestre. As distribuidoras estão tendo que arcar com custos por exposição ao mercado de energia de curto prazo, pagando um preço alto.
Mas para o segundo semestre, o diretor vice-presidente e de Relações com Investidores da Eletropaulo, Gustavo Pimenta, disse que a companhia tem um nível de contratação de 103,6 por cento, ante 95,9 por cento no segundo trimestre, o que anularia a necessidade de contratação de energia no curto prazo.
"Quando a gente olha o segundo semestre do ano, a gente percebe uma recuperação do nível de caixa", disse ele, ao acrescentar que o nível de contratação para o segundo semestre colabora para dar conforto em relação à liquidez da companhia nos próximos trimestres.
O presidente da companhia, Britaldo Soares, acrescentou que além do nível maior de contratação de energia, o refinanciamento de dívida de 300 milhões com a Fundação Cesp e o reajuste tarifário da companhia aprovado em julho fortalecem o caixa da companhia neste semestre.
Pimenta disse ainda que a companhia irá conseguir manter o crescimento dos custos gerenciáveis com Pessoal, Materiais, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO) em linha com a inflação.
A Eletropaulo espera que o crescimento de seu mercado cativo no ano seja de cerca de 2 por cento.
CUSTO DE DÍVIDA
O custo de captação para empresas do setor elétrico está mais alto, ante percepção de maior risco do segmento por parte dos financiadores, e a demanda por crédito aumentou, disse Pimenta.
Distribuidoras de energia elétrica vem alegando dificuldades para arcar com os gastos de energia de curto prazo, que estão maiores diante do nível de exposição das concessionárias por descontratação e da forte geração de energia termelétrica, que é mais cara. Para ajudar as distribuidoras a arcarem com o aumento dos gastos verificado desde o ano passado, o governo federal coordenou um empréstimo bancário de 11,2 bilhões de reais para as companhias, e um empréstimo adicional, de 6,5 bilhões de reais, está para ser fechado.
"Certamente, o mercado de crédito para o setor está pressionado", disse Gustavo Pimenta, ao ser questionado sobre o aumento de taxas para o setor.
Ele disse, no entanto, que a companhia ainda não consultou o mercado sobre uma emissão de dívida que pretende fazer para rolagem no final do ano ou início de 2015. O executivo acrescentou que as taxas cobradas podem até ser mais atrativas no futuro, quando da emissão de longo prazo, dada a recomposição de caixa esperada no segundo semestre.