Por Maytaal Angel
LONDRES (Reuters) - Um lote de café arábica brasileiro foi certificado como apto a ser entregue na bolsa ICE, reforçando as apostas de que o aumento da disponibilidade de café no maior produtor mundial em breve começará a aliviar as preocupações com a oferta e pesar sobre os preços futuros.
Os estoques certificados de arábica nos armazéns da ICE estão atualmente em níveis mínimos de 20 anos, e um influxo de grãos brasileiros poderia fornecer um impulso significativo, embora ainda não esteja claro se o café do Brasil poderá passar pelos rígidos controles de qualidade da bolsa em quantidades significativas.
Os futuros da ICE são garantidos por grãos de café "lavados", enquanto o Brasil produz principalmente grãos naturais, embora a safra recorde desta temporada seja de alta qualidade e contenha uma boa quantidade de lotes "semi-lavados".
Dados mais recentes da ICE mostram que 855 sacas de 60 kg de arábica brasileiro em depósitos da bolsa em Antuérpia foram classificadas para entrega na última sexta-feira, mais do que dobrando, em um dia, a quantidade total de café brasileiro em poder da bolsa.
Os dados também mostraram, no entanto, que 3.060 sacas de café foram reprovadas na verificação de qualidade. Se, como alguns suspeitam, todas ou a maioria das sacas que falharam eram de café brasileiro, isso poderia limitar mais entregas da nação sul-americana.
"Só pode ser café brasileiro (que não passou na inspeção)", disse um trader de café de Londres. "Se você olhar (os preços físicos do café), o único café desses últimos meses que era viável para entregar era do Brasil."
O intercâmbio de dados sobre aprovação e reprovação não especifica o país de origem.
Os diferenciais ou prêmios para cafés que geralmente são entregues ao ICE, como Honduras, aumentaram para níveis recordes nesta temporada, tornando inviável entregá-los à bolsa.
Circulam especulações no mercado de que entre 200 mil e 500 mil sacas de café brasileiro "semi-lavado" seriam entregues na bolsa até o final do ano.
Os futuros da ICE estão altamente correlacionados com os estoques da bolsa.
Desde 1º de julho, os preços aumentaram cerca de 32%, superando 1,30 dólar por libra-peso, enquanto os estoques caíram cerca de 29%, para menos de 1,2 milhão de sacas.