Por Gabriel Codas
Investing.com - No começo da tarde desta sexta-feira as ações da Embraer (SA:EMBR3) têm forte disparada com a notícia que fabricantes estrangeiros de aviões estão rondando a companhia semanas após a Boeing abandonar os planos para uma combinação histórica na aviação comercial, disseram pessoas familiarizadas com o assunto com exclusividade para a Reuters.
Por volta das 12h05, os ativos tinham alta de 17,62% a R$ 8,24.
A chinesa COMAC sinalizou interesse em cooperação com a unidade comercial da terceira maior fabricante de jatos do mundo. A Irkut, da Rússia, também estudou o caso, disseram outras duas, apesar de a empresa negar interesse na Embraer.
A Índia, outra potência aeroespacial em ascensão focada principalmente na defesa, mas com um enorme mercado civil, também sinalizou interesse ao estudar o assunto, disseram fontes.
Isso coloca o destino da Embraer no centro do chamado grupo de nações do BRIC, com cada um exibindo seus palpites, enquanto gigantes ocidentais Airbus e Boeing se recuperam da crise dos coronavírus.
A COMAC e o ministério da aviação civil da Índia não responderam aos pedidos de comentários. Uma porta-voz da Irkut negou qualquer interesse ou conversa sobre a Embraer. A Embraer não comentou.
A COMAC e a Irkut estão desenvolvendo aeronaves para competir diretamente com a Airbus e a Boeing no movimentado mercado de até 150 assentos. Os planos da China são vistos como os mais avançados.
Um acordo com a Embraer agregaria experiência em engenharia e suporte global, mas também entraria em conflito com jatos regionais menores e comercialmente menos bem-sucedidos desenvolvidos pelos dois países.
Uma fonte da indústria russa disse que a controladora da Irkut, a Rostec, está se concentrando nos programas existentes MS-21 e Superjet.
Embora tenha investido pesadamente em peças e manutenção, a Índia é o pretendente menos visível no setor aeroespacial comercial, sem outro projeto ativo de uma aeronave de 14 lugares chamada SARAS.
Mas existe um requisito potencial para o desenvolvimento de um jato regional de 80 a 90 lugares - uma categoria ocupada pela Embraer - para o projeto UDAN, assinado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, para expandir os serviços aéreos para pequenas cidades.
R.K. Tyagi, ex-presidente da Hindustan Aeronautics, estatal, disse que escreveu ao governo pedindo que ele se movesse rapidamente.
“Qualquer país com ambições analisará isso. Sinto que essa é uma boa oportunidade. O preço (valuation) está baixo e se conseguirmos o controle de um programa de aeronaves moderno e comprovado, será um grande salto.”
Funcionários do governo Modi e um grupo de estudo do governo estão juntando uma nota, mas nenhuma representação formal foi feita no Brasil até agora, disse um funcionário ciente dos planos.
*Com Reuters