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SÃO PAULO (Reuters) - A Engie Brasil Energia (BVMF:EGIE3) está levando mais tempo para conseguir colocar seus parques renováveis em operação comercial, em função de uma mudança de requisitos por postura mais conservadora do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), disse nesta sexta-feira o CEO, Eduardo Sattamini.
"É um primeiro desafio, uma primeira mudança que a gente observa, fruto do conservadorismo maior do ONS na entrada em operação de nova capacidade", disse o executivo, durante teleconferência de resultados da companhia.
A geradora renovável tem dois grandes projetos que estão quase concluídos e aguardam para entrar totalmente em operação comercial, o conjunto eólico Serra do Assuruá, na Bahia, com 846 MW, e conjunto fotovoltaico Assú Sol, no Rio Grande do Norte, com 750 MWac.
"O grande ponto hoje é em relação ao atraso na obtenção da declaração de atendimento aos procedimentos de rede junto ao ONS, está exigindo muito mais nos estudos do que exigia no passado", explicou o diretor de Energias Renováveis e Armazenamento, Guilherme Ferrari.
Ele ressaltou que os estudos exigidos estão "avançando bem" e disse não ver maiores dificuldades para finalizar a implantação dos projetos.
Ainda durante a teleconferência, Ferrari ressaltou que a companhia não enxerga hoje viabilidade para investir em novos projetos renováveis "greenfield" (do zero).
"Vamos manter esse pipeline para expansões futuras, não vislumbramos hoje, na situação atual, possibilidade de implantação de novos parques devido à sobreoferta de energia nos próximos anos."
Já o CEO lembrou que o segmento de renováveis no Brasil tem sido prejudicado pelos cortes de geração impostos pelo ONS, em função de gargalos na rede elétrica ou falta de demanda, um problema que traz perdas milionárias às empresas.
Ele voltou a defender a "contenção" do crescimento da geração distribuída de energia como alternativa para reduzir o problema dos cortes de geração das grandes usinas renováveis.
A adoção pelos consumidores dos sistemas distribuídos de geração, como telhados e fachadas solares, vêm crescendo exponencialmente no Brasil, em função de benefícios tarifários. Esse crescimento rápido e desordenado piora a situação de sobreoferta de energia, que contribui para os cortes de geração das grandes usinas gerenciadas pelo ONS.
"A geração distribuída realmente é um grande problema para o setor elétrico, problema para o desenvolvimento da capacidade de geração, para administração da rede de distribuição, no bolso do consumidor... Acaba gerando distorções e problemas para todos os agentes, a não ser aqueles próprios que se beneficiam da geração distribuída".
"Se continuar crescendo a GD do jeito que está, o curtailment (cortes de geração) vai acabar com a indústria de geração centralizada no país".
(Por Letícia Fucuchima)